Quando se fala em valor de mercado da Petrobras, os termos são em bilhões. Desde a polêmica entre o presidente Jair Bolsonaro e a estatal, a empresa sofre com os solavancos das ações. Na sexta-feira (19), após o presidente avisar que algo aconteceria na empresa depois de reajustes fortes nos preços dos combustíveis, o valor de mercado já despencou R$ 28,2 bilhões. Na segunda, após ele indicar um substituto para a presidência com críticas públicas ao atual comando, os papéis derreteram outros R$ 74,2 bilhões.
Nessa terça, as ações subiram 12%. Hoje, quarta, estão com alta de 1% aproximadamente. Mas está longe - bem longe - de a empresa recuperar seu valor de mercado. Ainda faltam R$ 69 bilhões para ela voltar ao patamar de quinta-feira da semana passada, antes de toda a polêmica. Multiplicando o preço pelo número de ações, ela vale agora R$ 314 bilhões para os investidores, frente a R$ 383 bilhões da semana passada, segundo o cálculo feito para a coluna pela Quantitas Asset.
É normal o susto dos investidores nessas ocasiões não esperadas. Ainda mais quando são provocadas por políticos que são controladores da empresa. Depois, costuma ocorrer um ajuste. Investidores mais chegados ao risco tentam aproveitar a oportunidade, comprando ações que consideram baratas. Em geral, para um ganho de curto prazo, considerando que o futuro da empresa está muito incerto ainda. Mas também tem quem dê o benefício da dúvida e ache que pode dar certo a mudança no comando, mas esses ficam fora da curva.
E o que vai acontecer? Infelizmente, o que está ocorrendo com a Petrobras não é uma análise normal de desempenho de empresa, gestão do negócio ou andamento do setor. É uma gigante petroleira que está gerando desconfiança em quem investe nos papéis dela. Talvez até mesmo o seu plano de previdência para a aposentadoria.
Empresas de investimento seguem recomendando cautela até que se entenda exatamente o que o governo federal fará em relação à companhia. Se novas declarações colocarão a empresa em um rumo questionável ou não. Quem será o presidente nos próximos anos? O que ele pensa? O conselho de administração ficará? Isso será decidido em uma assembleia a ser convocada nos próximos dias. Mas o que será da política de preços? A venda dos ativos, como refinarias, prosseguirá?
Enquanto isso, ganha quem aposta na oscilação. Quem aposta na empresa para prazos mais longos teme. Isso não é saudável.
Em tempo, medo desvaloriza mais o real. E dólar alto pressiona por novos aumentos do diesel e da gasolina, trazendo os demais combustíveis de arrasto.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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