O volume de vendas do varejo gaúcho restrito, principal indicador de comércio do IBGE, cresceu 1,1% em setembro do agosto. É um bom resultado após a estabilidade de agosto, quando as lojas de Porto Alegre começaram a reabrir.
Mas chama a atenção o avanço de 4,4% na comparação com setembro de 2019, mês sem o efeito de uma pandemia, afinal. Móveis e eletrodomésticos puxaram - bem - o resultado, com vendas 20,5% maiores. Consumidor mais em casa e com um ganho na renda das classes baixas com o auxílio emergencial têm sido os motivos apontados para o bom desempenho dos segmentos de varejo, que agora enfrentam problemas de falta de produtos com o descompasso que ocorreu na indústria.
Mas chama ainda mais atenção quando observa-se o varejo ampliado, outro indicador divulgado pelo IBGE. O crescimento desse índice foi de 4,2% em setembro sobre o mesmo mês do ano passado. Ele inclui o varejo de veículos, que vendeu 10,8% menos no mês. Portanto, foi sustentado com o enorme crescimento de 36,4% nas vendas de lojas de materiais de construção. O desempenho é de dar inveja a qualquer área da economia neste ano.
Os motivos para o ótimo resultado do setor são vários, começando por ter sido considerado comércio essencial na maioria dos decretos da pandemia. Com isso, manteve lojas abertas enquanto outros segmentos enfrentaram restrições bastante severas.
Outro ponto é o estímulo do governo federal e de bancos à construção civil. Além das vendas às construtoras, os compradores costumam fazer reformas adaptando os imóveis comprados às suas necessidades.
Há ainda uma questão comportamental bem típica de consumo. As pessoas estão mais em casa e várias não pretendem viajar nas férias. O dinheiro disponível é investido em deixar a moradia mais agradável. Com a chegada do verão agora, tem escassez até de piscinas.
- O mercado está bem aquecido, e isso é bom. Há fábricas com 50% mais funcionários e trabalhando em três turnos. A venda e a entrega de imóveis têm ajudado bastante - reforça Felippe Sielichow, diretor da Ferragem Porão, que tem duas lojas na Capital, e também da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção (Acomac) e do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (SindilojasPOA).
Só que a indústria não estava preparada para isso. Aumento na demanda que não é acompanhado pela oferta gera um descompasso, elevando preços, como a coluna vem alertando há meses. Confira o último monitoramento feito sobre o assunto: Até quando vai a alta de preços dos materiais de construção
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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