Os preços dos materiais de construção devem continuar subindo até 2021. A previsão é de entidades do setor, para a angústia de leitores que têm perguntado com frequência sobre quando ocorrerá o ajuste neste mercado. Houve realmente um descompasso, com alta forte e repentina da demanda, enquanto se projetava que a pandemia fosse derrubar as encomendas. Enquanto isso, as indústrias reduziram e até pararam produção, até mesmo reduzindo o quadro de funcionários. Como isso não ocorreu apenas no Brasil, está difícil importar insumos e produtos finalizados.
A alta de preços deve perder força só no final do primeiro semestre. Lembrando que a elevação começou por São Paulo e Rio de Janeiro. Cerca de um mês depois, chegou ao Rio Grande do Sul. E agora, segundo o monitoramento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o aumento está ainda mais intenso no mercado gaúcho do que nos demais locais onde é feita a pesquisa. Diretor da Construtora Zagonel, José Zagonel relata que alguns insumos duplicaram de valor. Citou aumentos de preço no cimento, aço, tijolo e até mesmo tintas. Isso eleva o custo dos empreendimentos.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) entregou ao governo federal na semana passada um documento onde aponta abusos no aumento do preço de materiais de construção durante a pandemia. A entidade sugere um choque de oferta, acreditando que é possível usar, sim, a capacidade ociosa das fábricas.
Já no varejo, o desabastecimento de alguns produtos está se resolvendo com a busca de alternativas. Mas alguns itens, realmente, estão mais difíceis de encontrar do que outros.
- O cobre, que faltava, está mais estável. Já para o alumínio, se encontrou como alternativa trazê-lo da Alemanha. No caso dos plásticos, a Braskem tem aumentado a produção. A situação ainda está complicada no cimento, aço e, agora, encontramos dificuldade na compra das louças - comenta Felippe Sielichow, diretor da Ferragem Porão, que tem duas lojas na Capital, e também da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção (Acomac) e do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (SindilojasPOA).
Mas o empresário já aposta em uma normalização no final do primeiro trimestre de 2021. Inclusive, diz que em março será possível tirar uma febre se esse aquecimento do mercado imobiliário continuará em 2021.
- O mercado está bem aquecido, e isso é bom. Por exemplo, a InBetta (fábrica gaúcha, dona de marcas como Sanremo e Atlas) está com 50% mais funcionários e trabalhando em três turnos. A venda e a entrega de imóveis têm ajudado bastante - conclui Sielichow.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da colunista
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.