Como todo o 2020, o Natal também será atípico neste ano. As vendas devem ser menores do que em 2019, mas ainda assim trazem esperança ao comércio para se recuperar de parte das perdas provocadas pelas restrições de funcionamento no auge da pandemia.
Por um lado, a antecipação fez o 13º salário dos aposentados já ter sido pago e haverá um montante menor para funcionários de empresas pela redução dos contratos de trabalhadores, além do aumento do desemprego e do impacto disso na massa salarial. O nível de ocupação, que aponta as pessoas que têm trabalho, está em 54,1% no Rio Grande do Sul. No início da pandemia, era de 55,5%. A taxa de desemprego está em 9,7% em setembro, frente a 8,4% em março.
Mas também há um consumo represado e ainda a renda gerada por alguns setores que se mostram bastante aquecidos, como empresas de tecnologia, da construção e da própria área da saúde, tão demandada na pandemia. Tanto que os indicadores do IBGE citados anteriormente têm melhorado nas últimas semanas.
Como tempero neste cenário, há a escassez de produtos que atrapalhou as encomendas do varejo. Faltou insumo para a indústria e várias fábricas também não conseguiram retomar a capacidade de produção a tempo de suprir a recuperação da demanda, após uma leva de demissões no início da pandemia e terem colocado o parque fabril para "hibernar". E não apenas no Brasil. A importação até mesmo da China ficou mais difícil.
Presidente do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (SindilojasPOA), Paulo Roberto Kruse chega a projetar faturamento de vendas 8% menor em relação a 2019. Lembrando que o Natal é a principal data para o varejo.
- Aquele comércio que tiver maior agilidade no atendimento, na venda online e os artigos mais procurados terá certamente aumento nas vendas. Já os demais terão decréscimo no faturamento, e isso será na maioria. A média, então, é de uma queda de 8%.
O Núcleo de Pesquisas do SindilojasPOA finalizou um levantamento sobre a contratação de trabalhadores temporários, que foi enviado à coluna. Quase 25% dos entrevistados disseram que abrirão vagas para o Natal. Desses, 55% contratarão o mesmo número de funcionários do ano passando, com uma média de duas vagas por loja. Ainda pela pesquisa, a coordenadora Thais Del Pino observa que quase 70% dos lojistas disseram que não pretendem prorrogar até o final do ano a suspensão de contrato ou redução de jornada e salário dos funcionários, apesar de o prolongamento ter sido autorizado pelo governo federal.
Falando do comércio do Rio Grande do Sul, o presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), Sérgio Galbinski, aposta na compra de roupas e calçados para as festas de final de ano, mesmo com comemorações menores para evitar aglomerações. No entanto, alerta para gastos reduzidos com os presentes.
- Temos de ter consciência de que o PIB está -5%, o desemprego está em alta e o auxílio emergencial estará terminando em dezembro - comenta o empresário.
Com isso, o empresário acredita que as pessoas irão se presentar como todos os anos, mas com um tíquete médio de gasto menor e também comprando poucos itens, já que as festas terão menos convidados. Galbinski também aposta forte nas compras online. Segundo ele, será o "Natal do WhatsApp":
- Tanto para as compras quanto para as pessoas se verem em videoconferência com as outras famílias. Vai ter muito amigo secreto virtual, e as lojas com entrega terão um diferencial competitivo.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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