A inflação da comida disparou e só não impacta mais os índices gerais porque outros itens estão segurando as pontas, como os reajustes represados no setor de serviços. Tenho escrito bastante nos últimos meses sobre os aumentos - e já sobre algumas quedas, como do leite - e uso as informações, claro, também para o meu planejamento familiar. Sigo desde sempre um mantra básico da educação financeira: faça a sua inflação pessoal.
Com a alta do dólar, projetei que deveríamos ter um impacto nos preços dos alimentos, já que há insumos importados e também a concorrência do mercado interno com as exportações. Havia também o auxílio emergencial elevando a renda do brasileiro, que costuma direcionar gastos para alimentos, elevando demanda. Um estudo do JP Morgan diagnosticava o efeito disso ainda em agosto.
Após uma elevação forte bem no início da pandemia, com a corrida dos consumidores aos supermercados, os preços tiveram um ajuste com recuos. Também surgiu uma janela de oportunidade. Sim, pretendo, com isso, sinalizar para o leitor que até para economizar ainda mais na compra de alimentos é importante observar movimentos da economia.
Mas há outras dicas que valem em qualquer momento e que eu sigo à risca. Dia de promoção é algo sagrado para finanças pessoais. Deixe o final de semana do supermercado para os afortunados. As ofertas acontecem durante a semana, com os dias variando conforme o supermercado ou a feira. O horário do estabelecimento não é desculpa, já que alguns funcionam até final da noite e diversos têm venda pela internet.
Costumo fazer compras de itens com validade longa em fardos. É o caso de feijão, azeites, arroz integral, massa, farinhas de diversos tipos, produtos de limpeza e bebidas. Para isso, há, cada vez mais, opções de atacarejos, mercados que vendem ao consumidor final por preço reduzido quando se compra em maiores quantidades. Na pandemia, comprei em dois momentos pelo site de um atacarejo bem conhecido, sem pagar frete e passando ao largo dos aumentos de preços. É um estabelecimento que tem até marcas próprias de alimentos, ou seja, preços difíceis de bater. Cozinho as refeições e faço pães em casa, precisando muito desses alimentos básicos que são ingredientes nas preparações. Se não usará toda a quantidade de um fardo, sugiro combinar com vizinhos ou familiares a compra em conjunto.
Carnes pesam muito no orçamento. Portanto, economizar nesse alimento específico garante uma boa redução de gastos. A principal regra usada na minha casa é acompanhar os catálogos de promoção dos supermercados e os alertas de preços de açougues conhecidos. Quando encontro bons preços, o congelador é abastecido. O quilo do frango que tenho aqui custou menos de R$ 5. Os últimos churrascos que fizemos tiveram bons cortes de carne com preços por quilo inferiores a R$ 25.
Já frutas, legumes e verduras são comprados todas as semanas e, pela demanda da família, em uma quantidade considerável. Na pandemia, alguns produtores passaram a oferecer entrega em casa e com sites simples, mas tão funcionais para efetivar uma compra quanto de gigantes do comércio eletrônico. Outros estão atendendo pelo WhatsApp. Também tenho a oportunidade de comprar por um aplicativo e retirar no drive-thru de um supermercado da Região Metropolitana nos finais de semana que chega a fazer feiras com diversos itens por R$ 1,50 o quilo. Provavelmente, tem custos menores da operação e repassa ao consumidor. Aliás, acabei de fechar a compra de hortigranjeiros da semana porque recebi um alerta de um aplicativo com cupom de R$ 30 com frete grátis e entrega ainda hoje. Selecionados os itens que estavam com preços razoáveis no momento - sendo a maioria em época de safra -, foi feita a feira da semana em 10 minutos.
Quando compartilho as dicas de compras da casa, muitos ficam espantados. Talvez eu não "precisasse" economizar tanto assim, mas isso é um hábito construído há muitos anos, desde quando comecei a trabalhar ainda adolescente. Sempre olhei para o dinheiro e vi nele o tempo e dedicação gastos para ganhá-lo. Aliás, é um ótimo raciocínio para valorizá-lo. E o que economizo de um lado, é bem aplicado em outro.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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