No meio de uma reunião que já dura quatro horas, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior, conversou em paralelo com entidades que representam serviços, lojistas e o setor da gastronomia de Porto Alegre. Pediu e perguntou se elas estavam dispostas a um engajamento para conscientizar a população dos cuidados necessários para conter o forte avanço da covid-19.
A equipe da prefeitura está discutindo desde a metade da manhã medidas para reduzir a circulação de pessoas após a piora dos indicadores de saúde, o que levou Marchezan a decidir que restrições serão retomadas. Com a proximidade do Natal e a economia já sofrendo há meses, ainda é feito um esforço para não recuar nas liberações já feitas para lojas e restaurantes, mas com provável impacto ainda em festas e outros tipos de eventos, informa a colega Kelly Matos. Então, diminuiria bastante o número de atividades econômicas impactadas pelo decreto, focando mais nos encontros sociais.
Um dos empresários que conversaram com o prefeito foi Célio Levandovski, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis do Rio Grande do Sul (Sescon-RS). À coluna, ele explicou que as entidades empresariais atenderão ao pedido e já programaram para esta sexta-feira (27) uma série de reuniões.
- A ideia é uma conscientização para "evitar coisas evitáveis" e que as pessoas continuem seguindo os protocolos, como o uso de máscara. Estamos construindo uma nota conjunta das entidades. Também vamos pedir apoio da Brigada Militar e Ministério Público na fiscalização das medidas - diz Levandovski.
Então, a partir disso, será organizada uma campanha de conscientização com peças publicitárias e outras ações nos próprios estabelecimentos. A expectativa é conseguir adiar - e até evitar - a retomada de restrições. Nessa quinta, Marchezan disse à coluna que a ideia era reduzir horários sem determinar fechamentos totais de atividades, desde que houvesse uma redução efetiva de circulação de pessoas.
Apesar do pedido e da pronta disponibilidade das entidades, a equipe da prefeitura segue reunida para definir detalhes do que será feito. Não estão, ainda, totalmente descartadas as restrições para lojas e restaurantes, mas há a intenção de dar um prazo maior e, segundo o prefeito, ver se o engajamento das entidades será suficiente para conter a circulação.
Mesmo esperada, a decisão da prefeitura nessa quinta-feira (26) de que a retomada de restrições seria necessária desanimou empresários. E muitas entidades manifestaram essa preocupação para integrantes da prefeitura desde ontem. As vendas estão baixas e o Natal traz a esperança de um fôlego, disse o presidente do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas POA), Paulo Roberto Kruse, no início da semana quando contou dos alertas da prefeitura para o provável retrocesso na reabertura iniciada em agosto, pouco antes do Dia dos Pais.
Atualização: confira abaixo o documento na íntegra divulgado pelas entidades empresariais no meio da tarde.
"Porto Alegre, 27 de novembro de 2020
Carta aberta à sociedade porto-alegrense:
Tem início hoje uma grande mobilização na Capital Gaúcha e todos precisam de você, morador e moradora de Porto Alegre. Não temos saída a não ser nos unirmos para tomarmos os devidos cuidados e conscientizarmos também aqueles que estão ao nosso lado. Se cuide e seja um mobilizador de cuidado pelo próximo.
Antes de tudo: evitem encontros sociais e aglomerações. O isolamento social ainda é nosso maior trunfo contra esse vírus ainda sem cura. Use máscara cobrindo totalmente nariz e boca, e oriente as pessoas mais próximas a fazerem o mesmo. Higienize as mãos com álcool gel a todo momento e lave com água e sabão sempre que tiver acesso. Evite espaços com grandes aglomerações e não seja responsável por organizar qualquer tipo de situação envolvendo grande número de pessoas.
Espalhe essa mobilização para familiares e amigos, pois se não agirmos com força total neste momento, teremos uma grave situação para enfrentar logo adiante. Vamos, juntos, reunir esforços para dobrar os cuidados, ainda que estejamos cansados, é verdade. Mas valerá a pena quando encerrarmos o ano com saúde.
Este passo é dado junto à população, mas também é um passo junto à segurança pública. Por isso, é urgente que também façam parte disso as forças de segurança da cidade, utilizando todo o seu aparato para fiscalizar e punir qualquer ação que coloque em risco esse ambiente. Neste mesmo sentido de mobilização, imploramos que Ministério Público, Brigada Militar, Guarda Municipal e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico acompanhem de perto o cumprimento de protocolos por parte da população e dos estabelecimentos, garantindo, assim, que todos estejam engajados nesse movimento.
Precisamos tomar essa responsabilidade coletiva com urgência e salvar vidas. Somente com o envolvimento de todos essa mobilização terá os resultados necessários para sairmos dessa nova zona de perigo. Não há mais tempo a perder e podemos provar que com conscientização e empatia conseguimos cuidar uns dos outros.
Contamos com todos vocês!
Sindha
Sindilojas POA
CDL POA
SESCON-RS
SINEPE-RS
SECOVI"
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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