Estávamos na rotina diária do home office, produzindo notícias com a Rádio Gaúcha ligada desde as 4h no equipamento que toma boa parte da nossa mesa de jantar. Atena, minha filha de 7 anos, monopolizava como sempre a aula virtual da escola (precisamos pedir que deixe professores e colegas falarem). E Gael, de 5 anos, circulava pela casa interagindo com quem abre uma brecha qualquer de atenção. Daqui a pouco, uma entrevista do Timeline provoca o caçula, que fala:
- Mauricio de Sousa?!
Respondemos que sim e ele já abre um sorriso:
- Da Turma da Mônica!
Começou então a gostosa bagunça que tomou conta da manhã nesta casa. Eu e meu marido, Jocimar Farina, mandamos mensagens para a Kelly Matos, apresentadora do programa, e para o grupo da rádio. Gael já avisou Atena, que abandonou a aula. Cada um com seus fones, vieram acompanhar a entrevista, que era sobre a morte de Quino, criador da Mafalda. Eles não entenderam bem o assunto, mas nem precisava. Afinal, estavam ouvindo o "pai da Mônica" falar na rádio onde os pais deles também falam!
- Eu quero ir na casa do Mauricio de Sousa, papai - disse Gael.
Respondemos que já tínhamos ido ao Parque da Mônica, em São Paulo. Aliás, foi nossa última viagem antes da pandemia. Mas o caçula deixou mais claro que queria ir NA CASA do Mauricio de Sousa. Foi quando os apresentadores Kelly Matos, Luciano Potter e David Coimbra abriram espaço para meus filhos conversarem com o pai da Mônica. Foi uma correria, pulos, risadas, contorcionismos de felicidade. Tímidos que são (e isso contém - muita - ironia), declararam amor aos gibis, aos jogos, aos personagens e provocaram minha saudade. Eu também era fã da Mônica. Lembro que minha mãe assinou durante um ano e sinto até hoje a sensação maravilhosa de ver aquele pacote cinza com os gibis chegar. Devorava todos e relia depois até chegarem as próximas revistinhas. Várias delas estão guardadas até hoje e são lidas pelos meus pequenos. Aliás, a Kelly também deu de presente uma boneca da Magali no aniversário de um ano da Atena. Tem muito amor envolvido, percebem?
Atena foi alfabetizada na pandemia, no homeschooling. Zerada porque não estimulamos a alfabetização na Educação Infantil, ela está um "avião" na leitura. Devora tudo, das marcas dos eletrodomésticos da casa até os garranchos que faço na minha agenda de papel. Reclama que não consegue ainda ler a legenda dos seriados que assistimos, mas pedimos que tenha calma. Só que os gibis da Mônica são os preferidos, estimulamos isso e temos muito orgulho.
Enfim, foi um dia de emoções familiares em tempos tão sensíveis. E também de saudade dos colegas da redação, do meu colega da coluna Daniel Giussani, aumentada pelas mensagens que eles mandavam de amor às crianças no nosso grupo de trabalho enquanto elas estavam no ar. Conheci meu marido quando éramos estagiários da Rádio Gaúcha, entrei em trabalho de parto da Atena quando estava indo almoçar no refeitório, descobri a gravidez do Gael no banheiro da redação após abrir o Chamada Geral. São filhos da rádio, falando na Gaúcha e com um ídolo deles e meu.
As lágrimas pararam cerca de uma hora depois do fim da entrevista que compartilho abaixo com vocês:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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