O patamar era esperado desde o final de semana e foi batido na abertura da bolsa de valores de São Paulo, B3, nesta quinta-feira (9). O Ibovespa atingiu os 100 mil pontos, mas operando com uma alta bem pequena. Tanto que virou logo depois para uma queda e voltou a ficar perto dos 99 mil pontos, abaixo do fechamento da tarde passada.
O mercado externo está operando no positivo e indicava que o Ibovespa recuperaria a marca. Há pouco também, os Estados Unidos divulgaram queda nos pedidos de seguro-desemprego, que também vieram abaixo do que o mercado projetava. Isso manteve o otimismo de investidores. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também divulgou o seu Indicador Composto Avançado, projetado para identificar pontos de viragem no ciclo econômico. E, em junho, trouxe uma ''melhora significativa a partir da desaceleração sem precedente'' que atingiu a economia global no auge da crise, em abril.
Pelos mesmos motivos, o dólar comercial abriu em queda de quase 2%, vendido a R$ 5,25. Mas também já virou para uma leve alta. Ou seja, manhã de grande oscilação e volatilidade.
Além de ajustes que ocorrem com a realização de lucros em momentos de alta, tem hoje também um impacto negativo do pedido de recuperação judicial da Latam Brasil. A informação saiu ainda na madrugada e a empresa tem uma dívida que parte de, no mínimo, R$ 7 bilhões. Saiba mais: Por que a Latam pediu recuperação judicial nos EUA e como ficam os clientes daqui
De qualquer forma, o otimismo do mercado parece não refletir a preocupação na chamada "economia real" e muito menos a tristeza que o coronavírus provoca na saúde. Mas lembremos que as bolsas começaram a sangrar com a covid-19 ainda no Carnaval, quando muitos ainda faziam festa no Brasil e foram entender melhor o que teríamos pela frente só um mês depois. O mercado financeiro vive para isso: antecipar. Projetar o reflexo do que está acontecendo ou do que ainda deve ocorrer na economia e na saúde financeira das empresas, para então decidir se compram ou não a ação de uma companhia. Precisam prever se ela irá subir ou cair.
Neste momento, o otimismo do mercado, por mais difícil de compreender que pareça, vem de quedas menores em indicadores econômicos importantes. Seja o recuo da produção industrial da Alemanha ou a venda do varejo brasileiro. Ou ainda, o dado que a coluna já citou de menos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, a maior economia do mundo. A reação chinesa, que enfrentou o vírus primeiro, também é um grande sinalizador do mercado.
- Mercado continua otimista, principalmente pela entrada de recursos de pessoa física na bolsa. Como sempre, é difícil estimar comportamento do Ibovespa até o final do ano, mas os bancos de investimento estão tão animados que já comentam que são várias as ofertas de ações (IPOs e follow ons) até o final do ano - comenta também o especialista em renda variável Wagner Salaverry, sócio da gestora de fundos Quantitas Asset.
Seguirá assim? Não sabemos. Pode cair? Pode, caso notícias derrubem a expectativa de uma recuperação em V da economia. Pode subir mais? Ô, se pode. E seria ótimo. A maior alta neste momento seria observada caso tivéssemos a tão sonhada vacina contra o coronavírus. O melhor cenário possível para a economia e, mais ainda, para a saúde.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da colunista