Marca de supermercados com 38 lojas no Rio Grande do Sul e planos para abrir mais ainda em 2020, a Rede UniSuper está atenta aos impactos da pandemia mesmo sobre um setor que é considerado essencial, como o varejo de alimentos. Só agora em maio, a empresa inaugurou uma unidade em São Leopoldo e abrirá outro supermercado em Sapucaia do Sul. Mais uma loja será aberta em Canoas até o final do ano, antecipou o presidente da rede, João Carlos Ligabue, na Live de GaúchaZH nesta quinta-feira (21). Entre os assuntos da conversa, foi falado sobre característica do modelo de negócio e sobre o novo comportamento dos consumidores durante e após a pandemia. Confira:
Qual a estrutura da Rede UniSuper hoje? E como ela funciona?
A empresa tem 38 lojas, próprias e licenciadas. Ficam em 17 cidades, sendo a maioria na Grande Porto Alegre. Nós buscamos lojas de convivência, com trabalho de excelência, qualidade e preço justo. Ficamos nos bairros onde percebemos a necessidade do povo de ter acesso rápido ao local de compras.
Como é abrir um negócio no meio de toda a mudança provocada pela pandemia?
Como tínhamos planejado isso dentro do nosso projeto de expansão, não tínhamos como voltar atrás. Nossa diretoria é de pessoas muito arrojadas e trabalhadoras. Foi uma experiência ímpar em São Leopoldo porque nós tivemos que reinventar o modelo de abrir lojas, com todo o cuidado exigido pela saúde. Nossa surpresa positiva foi com os moradores de São Leopoldo, hospitaleiros e educados. Quando nós abrimos as portas, já estavam em fila e com máscara. Ficamos muito felizes.
Quantos empregos a rede gera?
Diretos, são 2,4 mil empregos nas nossas operações.
E para ter uma loja licenciada com a marca, quais são os critérios?
Demos uma segurada nesse modelo em 2019, mas estamos repaginando a ideia, com padrões inovadores e pensando as franquias que vamos retomar em seguida. A vantagem que a rede proporciona aos licenciados são iguais às das lojas próprias. Autorizamos o uso da marca e precisam estar dentro de nossos padrões, que vão de fachada a uniforme. Podem ter a estrutura centralizada sem o custeio disso.
A negociação com os fornecedores é feita via rede?
Sim. Nós temos um centro de distribuição de 20 mil metros quadrados, onde existe todo estoque de alimento, produto de higienes e perfumaria. Eles são abastecidos através desse CD, com o custo de compra de grandes volumes. O preço é muito mais competitivo.
Quais os planos ainda para esse ano?
Estamos concluindo o projetado, que era abrir duas lojas em 2020. Surgiu uma oportunidade que não estava muito desenhada e vem aí mais uma surpresa. Vamos abrir mais uma loja em Canoas. Já estamos na cidade com a nossa maior fatia de lojas.
Quando tivemos as primeiras informações sobre a pandemia, muitas pessoas foram para o supermercado. Como foi isso na Rede UniSuper?
Como já vinhamos buscando uma excelência em questão de logística, estávamos preparados. Houve busca de grandes volumes, mas não tivemos desabastecimento. Acredito muito na nossa equipe veloz e atenta ao abastecimento.
Como foi o comportamento do consumidor nas semanas seguintes?
Nosso consumidor nos surpreende a cada dia. Vamos falar um item bastante comentando. Algumas pessoas compraram 48 unidades de álcool gel, um produto que muitas nunca usaram. Precisamos adaptar o volume de compra de muitos itens. Março teve um pico muito grande, totalmente fora da curva. Em abril, essa curva já teve um declínio. Ele continua a ter esse consumo um pouco maior do que projetamos, mas está mais controlado.
Em relação à renda do consumidor na crise. Percebem queda? Trabalham com qual cenário?
Com certeza. A gente procura não ter aumento de preço. Nosso comercial é muito forte e está focado em negociar sempre um preço mais justo para repassar para nosso consumidor. Mas acreditamos que vamos ter uma queda, sim. Estamos trabalhando com o marketing e o comercial em encartes com preços mais agressivos pensando no nosso consumidor final. Ele está deixando de procurar por alguns produtos já. Ele vai migrar e vou dar um exemplo: se só consome maionese de tal marca, chegar e ver do lado um preço mais baixo, ele vai botar a mão no outro produto. Haverá a mudança na percepção na hora da compra, com cliente abrindo mão na marca.
Qual o recado para o pequeno empreendedor que está bastante preocupado com a saúde, com o negócio, com o futuro, com o cliente. Qual sua dica?
Criamos uma linha de trabalho com a performance bem resumida. Quando falamos de problema, riscamos essa palavra. Falamos de desafio. E quando tratamos de algo que venha a complicar, dizemos para fazer o simples bem feito. E a outra frase é: trabalho, trabalho e trabalho.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Siga Giane Guerra no Facebook
Leia aqui outras notícias da colunista