A General Motors (GM) terá férias coletivas no complexo de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. A comunicação foi feita pela empresa aos funcionários na manhã desta quarta-feira (18). Será uma pausa de 14 dias inicialmente, com início marcado para 30 de março. Outras unidades no Brasil também terão a produção suspensa.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari, a medida inclui também as sistemistas, como são chamadas as fornecedoras da GM que ficam dentro do complexo da montadora. Ou seja, atinge mais de 5 mil trabalhadores, informa o sindicalista.
- A empresa argumentou para os funcionários que é um ajuste de produção e o motivo não seria o coronavírus.
Segundo fontes do mercado, a montadora tem estoque de carros para 45 dias. Em nota enviada para a coluna, a montadora apenas confirmou a parada e disse que o motivo é a demada do mercado:
"Com o objetivo de ajustar a produção à demanda do mercado, a GM concederá férias coletivas aos seus empregados no Brasil a partir do dia 30 de março.", diz a empresa.
Para o assunto coronavírus, a GM mandou outra nota para a coluna. Citou que está tomando medidas como trabalho remoto e higienização mais intensa, além do cancelamento de eventos presenciais.
"Em relação às implicações da pandemia na cadeia produtiva, a GM está em contato diário junto aos seus fornecedores globais. Até o momento, nossa produção no Brasil não foi impactada. Nossas concessionárias continuam abertas, tomando todas as precauções necessárias em relação à segurança de seus colaboradores e clientes e seguindo as orientações das autoridades de saúde.", garante a GM no comunicado enviado à coluna.
Ao anunciar as férias coletivas, também adotadas na Argentina, o presidente da GM informou o adiamento de investimentos previstos pela empresa. Carlos Zarlenga se refere ao aporte de R$ 10 bilhões previsto para ocorrer entre 2020 e 2024.
Lembrando que as montadoras brasileiras já tinham avisado há duas que a fabricação de veículos podia parar em março por falta de peças vindas da China. Redes de concessionárias já foram alertadas para que não aceitem grandes encomendas. E isso não se restringe a uma marca de carro, conforme fontes da coluna. Há um receio disseminado de não conseguir atender aos pedidos com o impacto que o coronavírus está gerando na cadeia mundial de produção.
Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos (Anfavea), despencou o envio de pelas da China para o Brasil. Quando há autopeças para envio, faltam navios ou o inverso, segundo a associação. Lembrando que a China é o maior fornecedor de autopeças para o Brasil, com 13% de um mercado estimado em US$ 13 bilhões, em 2019. Sem falar que a situação se agravou aqui no Brasil nos últimos dias, com impacto forte nas vendas.
Na ocasião, a coluna procurou a General Motors (GM), que tem fábrica em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. Em nota, a montadora informou que está atenta ao avanço do coronavírus e suas implicações na cadeia produtiva junto aos fornecedores globais, mas que, até o momento, a produção local não tinha sido impactada.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Siga Giane Guerra no Facebook
Leia mais notícias da colunista