A General Motors (GM) antecipou a parada no complexo de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. Vale para os funcionários de todas as sistemistas, que são as fornecedoras que ficam no espaço, e a decisão foi comunicada ao presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí. Valcir Ascari estima que sejam mais de 5 mil pessoas que serão dispensadas já na tarde desta sexta-feira (20). A medida tende a ser adotada em outras fábricas da marca no Brasil.
- Os primeiros dias serão com banco de horas. Os demais entram nas férias coletivas já anunciadas e que estão mantidas - confirma o sindicalista.
Na quarta-feira (18), a coluna já tinha noticiado a informação das férias coletivas da GM. Essa pausa será de 14 dias inicialmente, com começo marcado para 30 de março.
- A empresa argumentou para os funcionários que é um ajuste de produção e o motivo não seria o coronavírus - disse Ascari naquele momento.
Segundo fontes do mercado, a montadora tem estoque de carros para 45 dias. Em nota enviada para a coluna na quarta, a GM apenas confirmou a parada e disse que o motivo é a demanda do mercado.
Ao anunciar as férias coletivas, também adotadas na Argentina, o presidente da GM informou o adiamento de investimentos previstos pela empresa. Carlos Zarlenga se refere ao aporte de R$ 10 bilhões previsto para ocorrer entre 2020 e 2024.
Lembrando que as montadoras brasileiras já tinham avisado há duas semanas que a fabricação de veículos podia parar em março por falta de peças vindas da China. Redes de concessionárias já foram alertadas para que não aceitem grandes encomendas. E isso não se restringe a uma marca de carro, conforme fontes da coluna. Há um receio disseminado de não conseguir atender aos pedidos com o impacto que o coronavírus está gerando na cadeia mundial de produção.
Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos (Anfavea), despencou o envio de pelas da China para o Brasil. Quando há autopeças para envio, faltam navios ou o inverso, segundo a associação. Lembrando que a China é o maior fornecedor de autopeças para o Brasil, com 13% de um mercado estimado em US$ 13 bilhões, em 2019. Sem falar que a situação se agravou aqui no Brasil nos últimos dias, com impacto forte nas vendas.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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