Salvo algo muito positivo contra o coronavírus seja noticiado pela manhã, o urso irá atacar à tarde na bolsa de valores de São Paulo. A B3 ficou fechada durante o Carnaval enquanto os mercados mundiais despencaram desde segunda-feira.
O urso representa o chamado bear market. Pela forma como ataca, com o movimento das garras para baixo, representa tendência de queda forte na bolsa. O contrário é o bull market, traduzido como mercado do touro, que chifra para cima e é símbolo de alta.
O mercado financeiro vinha em uma onda positiva. Mesmo com as primeiras notícias do coronavírus na China, dava uns solavancos, mas mantinha o otimismo. Havia expectativa de que a doença ficasse restrita ao mercado chinês, pondendo ser controlada em breve. Só que ela chegou a vários países e, com força, na Europa, com destaque para o aumento dos casos e das mortes na Itália. Em especial, em uma região próxima de um centro industrial. Além disso, fechou uma fábrica da Samsung na Coreia do Sul no final de semana. Os nervos do investidor foram acionados e o urso, acordado. Sem nem falar no caso brasileiro, que terá a contraprova divulgada ainda pela manhã. Se confirmado, será o primeiro coronavírus na América do Sul.
Mesmo com o mercado brasileiro em suspenso, tivemos um termômetro das ações brasileiras. Aquelas que são negociadas nos Estados Unidos compõem um índice chamado EWZ, que acumulou queda superior a 6%. Não deixa de ser um termômetro do Ibovespa, índice da bolsa brasileira que reúne as ações mais negociadas.
As ações da Petrobras e da Vale sofrem com o que está acontecendo na economia global. Seu negócio é baseado em petróleo e minéro de ferro, que são commodities. Quando há uma desaceleração global, o consumo desses produtos cai, o que afeta as empresas. Com o temor de que o impacto do coronavírus na economia seja maior do que o projetado, os investidores vendem os papéis.
É a aversão ao risco, que provoca um efeito manada. O investidor diminui sua exposição em bolsa de valores e busca aplicações mais seguras, como os títulos do tesouro norte-americano e o dólar. Aqui está outro alerta, a moeda norte-americana já tinha batido o recorde nominal de R$ 4,40 no meio do pregão da sexta-feira (21). A tendência agora é que continue a pressão de desvalorização do real.
Assessores do mercado financeiro estão recomendando cautela para os clientes, mas admitem que a situação é grave. O megainvestidor Warren Buffet deu uma entrevista à CNBC dizendo que não se deve comprar ou vender ações com base nas manchetes de agora. Conhecido por investimentos de longo prazo - leia-se décadas segurando os papéis de uma empresa -, Buffet acrescentou que o futuro das empresas não foi alterado pelo que aconteceu com o coronavírus nos últimos dias.
Mas sabe-se que tem muito investidor que opera no curto prazo. E vários outros não têm essa calma de Buffet. Ainda longe de profetizar o caos, o mercado financeiro resolveu nos últimos dias absorver a gravidade do coronavírus e ter um choque de realidade. E hoje à tarde, será a vez da bolsa brasileira.
Ainda sobre dólar
O impacto do coronavírus está mexendo na cotação do dólar. Este foi o tema do Seu Dinheiro Vale Mais, programa semanal com dicas de finanças pessoais no Instagram de GaúchaZH. Confira:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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