
"Quando devo comprar dólar?". Com algumas variações, é a pergunta que mais recebo sempre. Em especial, quando temos altas fortes, como agora, ou quedas significativas. Então, vamos lá, de novo: projetar câmbio é muito difícil, já que é algo muito sensível ao que acontece dentro do Brasil e também no mundo. Dizem que foi criado para enlouquecer os economistas.
O coronavírus agora, por exemplo, está sustentando essa elevação do dólar em relação a moedas do mundo todo. É um "cisne negro", como se chama o que acontece sem previsão possível e tem forte impacto na economia. A aversão ao risco faz os investidores buscarem ativos mais seguros, como o dólar, reduzindo a moeda no mercado e valorizando a cotação globalmente.
Juntando esse receio mundial com a doença mais o juro baixo no Brasil, o real se sustenta desvalorizado. Taxas de juro menores no Brasil são boas para a economia, beneficiando empresas e deixando o crédito mais barato. No entanto, reduzem rentabilidades de aplicações financeiras, o que atrai menos dólares, mantendo uma oferta reduzida da moeda por aqui e aumentando cotações.
A resposta à pergunta que intitula essa coluna é: "depende". Isso porque preciso saber qual o objetivo da pessoa com o dólar.
Se a viagem estiver já comprada
Não dá para cravar quando será a cotação perfeita para comprar a moeda para a viagem. A orientação básica é monitorar diariamente e comprar aos poucos, aproveitando dias em que algo no noticiário provoca reduções pontuais. Com isso, se trava uma cotação média ao longo do período de compras. Eventuais compras com cotações mais altas devem ser consideradas como custo da viagem. Até porque é preciso que o viajante considere, sem dramas, uma margem de 10% nos gastos, para cima e para baixo.
Ainda não acertou a viagem
Melhor adiar a vontade de abraçar o Mickey ou a ida para outro destino caro e que sofra impacto do dólar alto. Escolha viagens nacionais. Melhor ainda se não forem pontos turísticos muito procurados pelos estrangeiros, que estão com seu dólar "mais poderoso" e acabam provocando inflação por onde passeiam no Brasil, como o Rio de Janeiro. Ou então, pesquise países que enfrentam problemas na economia, isso tende a reduzir preços, deixando a viagem mais barata.
Investimento
Repita comigo: investir em dólar não é para leigos, mas é uma tentação para muita gente que lembra da época da hiperinflação. As pessoas compravam a moeda e guardavam em casa, o que não é seguro. Fora que a cotação do dólar em espécie - em papel - é mais alta. Mas se a pessoa tem uma viagem programada para daqui a algum tempo, está planejando um intercâmbio no futuro, é interessante aplicar em fundos cambiais. Eles flutuam conforme o câmbio. Mas não vá com a ideia de obter rentabilidade e sim de proteger o poder de compra das suas economias para esse objetivo.
Seu Dinheiro Vale Mais
O assunto também foi pauta do Seu Dinheiro Vale Mais, programa semanal com dicas de finanças pessoais no Instagram de GaúchaZH. Confira:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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