Ainda bem que é Carnaval na bolsa de valores de São Paulo. A B3 fechou na sexta-feira (21) - em queda - e reabre somente na quarta-feira de cinzas. Se estivesse funcionando, certamente traria índices negativos como as principais bolsas mundiais na abertura desta semana, na esteira do avanço do coronavírus no mundo, com as mortes na Itália.
Além disso, o final de semana trouxe o fechamento de uma fábrica da Samsung na Coreia Sul. Um funcionário teve o coronavírus confirmado e quem teve contato com ele nos últimos 14 dias, dentro e fora da empresa, terá de ficar isolado, explica Pablo Spyer, diretor de Operações da Mirae Asset, que tem sede mundial na Coreia do Sul e é a segunda maior corretora em atuação no Brasil. Spyer também está comemorando o fechamento dos mercados no Brasil.
Mesmo com a bolsa fechada aqui no Brasil, há um termômetro do impacto que as notícias teriam no Ibovespa. Existe um fundo de ações de empresas brasileiras negociadas nos Estados Unidos chamado EWZ. Pela manhã, ele chegou a cair 4,85%, segundo a Mirae.
Para os investidores, esses acontecimentos acendem a luz vermelha sobre o impacto da doença em uma desaceleração da economia mundial. As mortes na Itália alertam para o impacto que se alastra pela Europa e fizeram a bolsa italiana afundar 6%.
Já a interdição da fábrica da Samsung mostra um impacto forte e concreto em uma empresa fora da China, onde surgiu o coronavírus. Sem contar que é uma gigante mundial de eletroeletrônicos, mesmo que ainda tenha sido fechada apenas uma unidade.
Além do impacto social inquestionável, o investidor teme que isso se espalhe pela economia, reage rápido e de forma antecipada, como é característico. Em vários casos, essa reação é até exagerada, movida pelo susto inicial. Depois, há um ajuste. No entanto, para as bolsas avançarem, seria necessário termos notícias que sinalizem controle do coronavírus ou, ao menos, alguns dias sem informações tão negativas como as recentes. Resumindo, ainda tem muito noticiário para rolar até as 13h de quarta, quando a bolsa reabre no Brasil.
— O mercado financeiro é muito baseado em valor patrimonial das empresas e a geração de lucro delas. Em um primeiro momento, a incerteza causa esses movimentos e posteriormente uma reavaliação dos reais impactos. Toda crise pode gerar boas oportunidades para os investidores financeiros. Mas sem dúvida, a situação se mostra grave no momento — comenta o sócio da Monte Bravo Investimentos Bruno Madruga, vendo até oportunidade de compra de papéis que tenham se desvalorizado.
Com a aversão ao risco, os investidores estão buscando títulos do tesouro americano e, provavelmente, haverá uma valorização ainda maior do dólar, também considerado um ativo mais seguro. Provavelmente, também seria um dia de desvalorização forte do real no Brasil. Sobre a alta da moeda norte-americana, leia também: Fabricante de pães, lojistas e dono de agência de viagens falam sobre o dólar a R$ 4,40
Seu Dinheiro Vale Mais
O impacto do coronavírus está mexendo na cotação do dólar. Este foi o tema do Seu Dinheiro Vale Mais, programa semanal com dicas de finanças pessoais no Instagram de GaúchaZH. Confira:
Ouça também a entrevista do diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer, para o programa Timeline, da Rádio Gaúcha:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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