Três anos depois, começará a ser executado o plano de recuperação judicial da Comil. A fabricante de ônibus com sede em Erechim pediu o socorro do mecanismo em 2016, teve o plano aprovado pelos credores agora em abril e a Justiça acabou de homologá-lo.
O endividamento total da empresa é de R$ 438 milhões. O plano prevê a partir de agora pagamentos em diversas modalidades, com prazo que chega a superar 23 anos e deságio de 95% em algumas situações, explica o advogado Guilherme Caprara, sócio do Medeiros, Santos & Caprara, responsável pelas negociações com os credores em conjunto com o escritório Dárcio Vieira Marques e Rafael Brizola Marques, que também conduzem o processo de recuperação judicial.
— Formas de pagamento diferenciadas foram elaboradas especialmente para trabalhadores, fornecedores estratégicos, fabricantes de chassis e credores financeiros parceiros — destac Caprara.
Para os trabalhadores e credores financeiros que estimularem a continuidade da operação da Comil, serão destinados valores a receber do Ministério da Justiça. A empresa garante que, desde que ingressou com o pedido de recuperação judicial, a Comil tem feito todos os pagamentos de funcionários, fornecedores, clientes e agentes públicos.
— A homologação do plano de recuperação judicial é um marco importante. As condições de pagamento propostas pela Comil e aprovadas pelos credores geram um cenário favorável para a continuidade da empresa — destaca o advogado Silvio Luciano Santos, também da MSC.
No ano passado, a produção da Comil cresceu 29% e a receita atingiu R$ 300 milhões. Desde que ingressou com o pedido de recuperação judicial, a Comil garante estar pagando todos funcionários, fornecedores, clientes e agentes públicos.
Quando pediu a recuperação à Justiça, a empresa alegou problemas financeiros decorrentes da crise no mercado de ônibus, do investimento em nova planta industrial sem o retorno esperado, das restrições nas linhas de crédito, entre outros motivos. Naquele ano, também demitiu 850 funcionários em Erechim.