Já era esperado um pregão turbulento nesta quarta-feira (27), mas tem sido ainda mais intenso. Índice da bolsa de valores de São Paulo, o Ibovespa começa a tarde com queda de quase 2,5%, abaixo dos 93 mil pontos, sendo que, na semana passada, tinha batido o recorde de 100 mil pontos. O recuo é bem disseminado, mas o destaque vai para as ações da Petrobras e de grandes bancos.
Enquanto isso, o dólar comercial dispara mais de 2%, vendido a R$ 3,95. É a maior cotação desde outubro de 2018. Casas de câmbio alertam clientes que não há perspectiva de recuo significativo da moeda.
—A tensão quanto ao andamento da reforma da Previdência provoca alta volatilidade da relação dólar e real. A chamada volatilidade implícita saltou quase 8% hoje, o que significa que o dólar está quase 8% "mais arisco". Logo, novos solavancos são esperados, tanto para cima como para baixo — acrescenta o diretor de Operações da Mirae Asset, Pablo Spyer.
No cenário nacional, se intensifica o temor sobre o andamento da reforma da Previdência. Nessa terça-feira (26), o ministro da Economia, Paulo Guedes, desistiu de falar sobre a proposta na Comissão de Constituição e Justiça. Ainda ontem, o Planalto sofreu a derrota na Câmara dos Deputados com a aprovação do Orçamento impositivo, reduzindo a margem de manobra do governo sobre as receitas.
Investidores interpretam como uma mensagem de que as coisas ficarão difíceis no Congresso para o presidente Jair Bolsonaro, o que inclui a tramitação da reforma da Previdência. Nos alertas de mercado, está se falando mais sobre a possibilidade não haver mudanças na Previdência ou uma reforma mais amena do que a ideia original, o que tem se chamado de "desidratação" da proposta.
A bolsa de valores de São Paulo, B3, também sente o humor nos mercados globais. A expectativa de desaceleração de economias importantes seguem impactando o preço dos ativos. A China, por exemplo, trouxe dados do desempenho industrial abaixo do esperado.