O que você pode aprender com quem leva para casa um saquinho de açúcar da lanchonete ou não perde uma boca livre? Não precisa seguir estes exemplos específicos, mas o pão-duro tem bastante a ensinar sobre educação financeira. Podemos copiar alguns hábitos. A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais lista alguns:
1 - Pechinchar - Com o avanço da compra parcelada sem juros, pedir desconto no pagamento à vista acabou saindo de moda. Mas qualquer pão-duro que se preze pechincha. Não custa perguntar se alguma forma de pagamento rende desconto.
2 - Procure lazer gratuito - Exposições de arte, práticas esportivas, lançamentos de livros, atividades ao ar livre… Sempre há opções de lazer gratuitas na cidade.
3 - Não desperdice - De alimentos a produtos de higiene. Aproveite todo o alimento e compre o necessário para não estragar. Outro exemplo: use a porção necessária de xampu. E ainda: deixe para passar roupas que amassam menos no final, já com o ferro elétrico desligado.
4 - Evite supérfluos - Precisa de dez ou de apenas quatro calças para trabalhar? Assiste ao pacote mais completo de TV a cabo ou se vira com uma opção intermediária? Faça um levantamento dos gastos e identifique alternativas que reduzam custos.
5 - Deixe o carro na garagem - Há outras formas de transporte que gastem menos no seu trajeto? Ao menos, alguma vezes ao mês. Pode ser o ônibus ou até a bicicleta. Que tal colocar na ponta do lápis e avaliar se não vale a família ter apenas um carro.
6 - Leve marmita - Em geral, levar comida para o trabalho economiza dinheiro e tempo, além de ser mais saudável. O dinheiro que você gasta para comer fora todos os dias pode cobrir a alimentação da família do mês inteiro se optar por cozinhar em casa.
7 - Reúna os amigos em casa - Churrasco em vez de balada todas as semanas. Petiscos em casa no lugar da ida ao barzinho. Que tal variar nas saídas? Vale intercalar os programas para dar uma amenizada nos gastos.
Em entrevista ao programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha), a superintendente de Educação Financeira da Anbima reforçou que o pão-duro sabe exatamente o valor de cada centavo. Ana Leoni lembra do ditado "o diabo mora no detalhe."
— Levar saquinhos de açúcar na lanchonete ou aproveitar boca livre são exemplos extremos, mas essas pessoas têm hábitos interessantes que podem ser copiados. As pessoas pão-duras sabem exatamente o valor de cada centavo. Ficam atentas aos detalhes e, como dizem, o diabo mora nos detalhes.
Na maioria das vezes, as pequenas mudanças são mais eficientes.
— Ninguém chega a um estado de superendividamento de uma hora para outra e o principal erro é achar que sairá da situação de uma hora para outra. Ninguém ganha muito peso porque comeu feijoada uma vez nada vida. São as pequenas coisas. Por exemplo, as pessoas não sabem quanto ganham exatamente porque não consideram os descontos do salário. Sabendo quanto ganha, só então define sua capacidade de gasto - detalha Ana Leoni.
E quem diz que ganha pouco?
— É o que chamamos de "desculpa verdadeira". A pessoa diz: "eu não consigo organizar minha vida financeira porque ganho pouco." Na verdade, pouco importa quanto ganha. Importa o quanto você gasta. Há pessoas com renda altíssima que terminam o mês devendo — diz a superintendente da Anbima.
Ouça entrevista no programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):
Atualização: A coluna conversou com o delegado Marco Souza para ter certeza de que levar o saquinho de açúcar da lanchonete não é um furto. Segundo ele, levar uma unidade do item, que é disponibilizada pelo estabelecimento para uso do cliente, não é crime. É uma situação diferente de quem leva vários sacos de açúcar. Ainda assim, criminalmente, seria discutido baixo valor econômico envolvido.