O ingresso de alunos no Ensino Superior por educação a distância alcançará o número dos alunos presenciais em 2022. Depois disso, tende a superar a marca. A projeção é do presidente do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS), Bruno Eizerik. A situação deve ocorrer nacionalmente e também considerando apenas o Estado.
O total de matrículas em cursos EAD na rede privada do Rio Grande do Sul passou de 64 mil em 2012 para 122 mil em 2017. De 18,2%, passaram a representar 30,5% do total de matrículas da rede privada do Estado. Por enquanto, o EAD é forte nos cursos de negócios, tecnológicos e ligados à educação, enquanto o ensino presencial ainda tem destaque em opções mais tradicionais, como Direito, Administração e Psicologia.
A educação a distância intensificou a conquista de mercado durante a crise econômica. Com o orçamento apertado, a mensalidade destas instituições coube com mais facilidade no bolso das famílias. A diferença de preços é enorme. Além disso, Eizerik observa que trouxe para o ensino superior pessoas que não teriam condições de pagar uma faculdade presencial.
— São estudantes que estão ingressando no EAD aos 35 anos. É o que têm condições de pagar. Por outro lado, estudos mostram que concluir o curso superior aumenta o salário em 25% em comparação com permanecer apenas com o Ensino Médio completo — diz o presidente do Sinepe/RS, que também é diretor da Faculdade Monteiro Lobato.
A entidade finalizou o relatório sobre o mercado privado no Rio Grande do Sul, disponibilizado para o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha). Abre mostrando um dado do IBGE de que o Estado tem 2 milhões de pessoas com Ensino Médio completo e que não estão no Ensino Supeiror.
— Representa 82% da população com Ensino Médio completo. Além disso, considerando a população adulta com 25 anos ou mais, apenas 15% dos gaúchos têm Ensino Superior completo. Ou seja, há grande potencial de alunos, com destaque para a Região Metropolitana de Porto Alegre, tanto na faixa etária entre 18 e 24 anos, quanto acima dela — complementa Eizerik.
Segundo o Censo da Educação Superior, em 2017, havia 510.238 alunos matriculados na Educação Superior no Rio Grande do Sul. Do total, 399.638 estavam na rede privada, ou seja, 78%.
— Enquanto o setor público é limitado, o privado oferece opções para absorver a demanda. A relevância das instituições privadas já acontece há algum tempo, mas sem ganhar mais espaço no mercado.
O estudo do Sinepe/RS pondera que um dos possíveis motivos para que o setor privado não consiga ganhar mais espaço é a falta de capacidade de pagamento dos alunos potenciais. Enquanto a média da renda per capita dos domicílios com estudante de instituição de Educação Superior (IES) privada no Rio Grande do Sul gira em torno de R$ 1,5 mil, cai para R$ 1,1 mil quando são considerados domicílios com estudante potencial, ou seja, diplomado no Ensino Médio que não está matriculado na Edução Superior.
Para mais detalhes, ouça entrevista completa ao programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):