Já ouviu a expressão "consumo com propósito"? Essa é a ideia do empreendimento que Thiago Berto está construindo em um bosque em Guaporé, na serra do Rio Grande do Sul.
A Ayni é uma escola particular para educação infantil, mas sem cobrança de mensalidade. Como consegue manter financeiramente o local? Dando cursos e promovendo retiros, com a renda de uma loja e a partir de agora com um hotel que começou a construir no local. Aí, entra o consumo com propósito.
- Pensa o que significa para uma pessoa comer em um restaurante ou hospedar-se em um hotel sabendo que aquele dinheiro que ela paga irá para manter uma escola para crianças - reforça o criador da Ayni, que inspirou em um trabalho voluntário que fez no Peru e no tempo que morou no Butão, o país da felicidade.
São oito cabanas, sendo que as primeiras já ficam prontas em 2018 para que o hotel seja inaugurado no início do ano que vem. Cada uma custa R$ 50 mil já mobiliada. Para a construção, são buscados investidores.
- Recebemos doações, mas também há a possibilidade de patrocínio institucional. Por exemplo: cada cabana terá o nome da empresa que a viabilizou. É o mesmo modelo que estamos oferecendo para terminar nossa biblioteca. Para o modelo de empréstimo social para as cabanas, solicitamos o valor mínimo de R$ 10 mil e devolvemos corrigidos pelo IPCA, quitando em seis anos.
A Escola Ayni tem forte influência da natureza, até mesmo por ficar dentro de um bosque. As cabanas usam a chamada "bioconstrução", com madeira, taipa e terra.
- O banheiro é seco e o tratamento de água das pias e chuveiro é realizado por nós - detalha Thiago Berto.
Equipe com Down
O negócio da Ayni fica ainda mais encantador. A equipe que vai trabalhar no hotel será formada por pessoas com síndrome de down. Thiago Berto já iniciou as conversas para parceria com famílias e Apaes da região.
- Não é um projeto sobre inclusão porque não as excluímos. Compreendemos que, em sua grande maioria, podem ter uma vida normal, como dirigir carros, trabalhar na cidade e casar. É uma cura para nós, que nos consideramos normais.
A Ayni ainda não tem o número exato de pessoas na equipe, mas já tem uma gestora formada em hotelaria e turismo. Haverá acompanhamento de uma psicóloga e é analisada a possibilidade de ampliar para a contratação de funcionários autistas e surdos.