Leitora Renata enviou para a coluna Acerto de Contas o seguinte e-mail:
"Trabalho na área de vendas de uma empresa e um dos canais que usamos é o telemarketing. Notamos neste mês um grau de dificuldade maior, clientes resistentes especialmente em comprar através do cartão de crédito. Os limites estão comprometidos, cartões estão bloqueados ou há maior resistência para ceder o cartão como forma de pagamento. Tomei a liberdade de te procurar para pedir uma ajuda quanto ao comportamento do mercado. Você percebe algo que justifique?"
Resposta da colunista para a Renata e que compartilho aqui para outros leitores:
"Percebo que meu noticiário voltou a pesar exatamente como vocês sentem aí na sua empresa. A regra que vale para praticamente todos: muitas empresas estavam segurando as pontas esperando recuperação da economia em 2018, mas ela não veio. Ainda teve a greve dos caminhoneiros em maio, que dificultou ainda mais as coisas. Sem falar que o cenário político traz muita insegurança para o segundo semestre. Isso, em linhas gerais. Várias empresas estão falindo ou fechando unidades nestas semanas por causa disso.
A situação não se restringe às empresas, contamina também o consumidor. Nem que apenas na confiança dele, em um primeiro momento. O consumidor se retrai, não se endivida porque tem medo do que vai acontecer. Está cansado de trabalhar e não conseguir quitar as dívidas.
Outro ponto é a inflação, que voltou a dar as caras. A gasolina disparou de preço e as famílias têm que guardar mais da renda para este custo. A conta de luz também, com os aumentos de dos dígitos das tarifas. São despesas básicas e fixas comendo a renda. Entende?
Ainda sobre a greve dos caminhoneiros, o SCPC avisou a coluna que o pessoal parcelou a compra do supermercado, o que não é comum. Não tinham dinheiro porque foram pegos de surpresa e queriam estocar produtos. Precisaram jogar comida no crédito. A venda pedalada nos súpers gaúchos aumentou 76% no período.
Como vai ficar? É a pergunta que todos os agentes econômicos se fazem. O impacto da greve tende a se dissipar um pouco. O movimento ainda é recente e ainda tem empresa correndo atrás do prejuízo. A alta nos preços provocada nos alimentos também deve aliviar. Em geral, falam em uma melhora consistente só no final de 2019. Outros dizem que só por 2022. Passando as eleições, teremos um cenário mais definido para trabalhar."