As estatísticas mostram o que o noticiário já indica ao relatar a quebra de empresas. O número de falências disparou no Rio Grande do Sul.
Os dados do primeiro semestre foram enviados pela Serasa Experian para a coluna Acerto de Contas. Foram 40 requerimentos de falências de janeiro a junho de 2018, contra apenas sete do mesmo período do ano passado.
A tendência é que o aumento de pedidos eleve também as falências decretadas nos próximos balanços. Houve 37 decretos no primeiro semestre, contra 46 do ano passado. A empresa ou credores pedem a falência, que precisa ser decretada pela Justiça.
O aumento é curioso e tem lógica. Havia uma expectativa forte de retomada da economia em 2018, o que não se confirmou no primeiro semestre. Tivemos os indicadores patinando, a greve dos caminhoneiros, a disparada do dólar, a incerteza política, entre outros acontecimentos. Várias empresas estavam segurando as pontas esperando a recuperação. Como não veio, a falência acabou sendo o caminho, observa o presidente da Comissão de Falências e Recuperações Judiciais da OAB/RS, João Medeiros Fernandes Jr.
- Os pedidos de falência estão intimamente ligados à capacidade de solvabilidade das empresa, que é a capacidade de pagar seu passivo com os seus ativos. No início do ano, em que a economia dava sinais de retomada, houve uma redução significativa dos pedidos de falência em razão da forte expectativa do mercado em uma gradual melhora do ambiente empresarial. Havia otimismo. No entanto, especialmente diante da greve dos camioneiros, houve uma ruptura do fluxo de negócios, causando um hiato financeiro e uma ruptura marcante na engrenagem da atividade econômica. Isso causou forte impacto no fluxo de caixas das empresas com efeito devastador ao ambiente recuperacional que se revelava.
E, segundo Medeiros, o próximo semestre pode trazer um aumento nos pedidos de recuperação judicial.
- É uma forma de estancar ou solucionar os prejuízos sofridos e reestruturar as empresas para um período de melhora econômica e política.
De janeiro a junho, o Rio Grande do Sul teve 41 pedidos de recuperação judicial. Ainda é um número maior do que no ano passado, quando foram 77 no período.
A recuperação judicial foi criada para substituir a concordata. É um período em que a empresa tem benefícios para ganhar fôlego, retomar a operação e evitar a falência.