Profissões que vão acabar porque os profissionais serão substituídos por robôs e algoritmos. As projeções costumam ser tão extremas, que parecem buscar mesmo é o impacto da frase. O assunto foi tema de uma entrevista da coluna Acerto de Contas com Gil Giardelli, que chamou atenção ao analisar a educação, dizendo que escolas e universidades estão formando legiões de desempregados. Professor e estudioso da cultura digital, também fundou a 5era, que desenvolve inteligência de comunicação digital, economia colaborativa e inovação. Também pode ser chamado de futurista, pessoas que estudam como será o futuro.
Na semana que vem palestra na Feira Brasileira do Varejo, evento do Sindilojas Porto Alegre. O tema será “Empresas do século XX, pessoas do século XXI”.
Confira a entrevista:
Dizer que profissões vão acabar não é um exagero?
Todas as profissões estão sendo reformuladas. A TV não acabou com o rádio. A foto não acabou com a pintura. Estão se encerrando alguns empregos, mas, para cada vaga de emprego que se fecha, quase três se abrem. Para isso, precisamos de outro tipo de educação.
Uma profissão que seja exemplo disso?
O advogado. Precisa saber usar as máquinas de inteligência artificial. Usar a interação homem-máquina para entender o caminho que os juízes estão levando. Escritórios no exterior estão com melhor desempenho com isso. Antes, advogados deveriam ser especialistas nas leis. Agora, precisa misturar com a tecnologia e inteligência artificial. Pessoas precisarão entender das humanidades e da tecnologia.
O que mudará nas escolas?
O conceito nosso de escola hoje, de pessoas olhando para outra pessoa e recebendo informação, não cabe mais. Agora, nós temos a educação dos fazedores. Os alunos aprendem quando debatem e colocam a mão na massa. Escutar e ficar em silêncio não desenvolve as habilidades do século XXI, que é a empatia e a flexibilidade cognitiva. No que as máquinas não são boas? Nos relacionamentos humanos e isso terá que será ensinado nas salas de aula.
Isso já é trabalhado em algumas escolas com pedagogias alternativas, mas que têm restrições para o uso do digital.
Muitas escolas ainda falam muito sobre colocar tecnologia. Ela é importante, mas passa. A tecnologia é apenas um palco. O que temos que ensinar as pessoas é que, no lugar de tanta robotização, temos que voltar a ser ser humano.
No que os robôs não vão substituir o ser humano?
Não vão nos substituir. O robô social vai nos ajudar a ter mais performance e desenvolvimento melhor no trabalho. Deixaremos de trabalhar pesadamente para trabalhar de forma inteligente. Todo o conceito de trabalhar oito horas por dia em tempos cronometrados não fará parte desta nova era. Qual o problema? A maioria das pessoas não está preparada para esta inovação. Estamos produzindo nas escolas e universidades legiões de desempregados para a nova era.
O professor vai palestrar na Feira Brasileira do Varejo e o setor está lidando com o mundo online, buscando o equilíbrio. O que vai falar para os lojistas que estão com receio do futuro?
As pessoas querem o físico. É o chamado "phigital", que é o físico dentro do digital e o digital no físico. As pessoas desejam se manter olhando as lojas físicas e querem um bom atendimento. Querem o ser humano na frente de tudo. A humanização das relações é o diferencial para os micro, pequenos e médios lojistas.