Os indicadores da indústria gaúcha em agosto mostraram com mais clareza o impacto das paralisações na Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas, e na Celulose Riograndense, em Guaíba. A pesquisa divulgada pelo IBGE nessa terça-feira colocou o Rio Grande do Sul na lanterna das tabelas.
A queda em agosto foi de 1,4% sobre julho. Chama mais atenção ainda o recuo na comparação com o mesmo mês do ano passado: -2%, que foi o pior resultado entre os Estados pesquisados pelo IBGE.
A pesquisa do instituto não nomeia empresas. No entanto, os segmentos que reduziram as produções em mais de 30% foram derivados de petróleo e celulose.
Só que, em agosto, a Petrobras anunciou a interrupção de parte da linha de produção de gasolina na Refap. A decisão foi tomada após uma liminar obtida por trabalhadores que alegavam falta de segurança com a redução do número de funcionários. Na época, a Petrobras avisou que não afetaria o resultado financeiro da empresa porque haveria compensação do produto por modal marítimo. No entanto, os números do Estado sentem.
Além disso, prossegue o impacto da Celulose Riograndense, que já tinha começado no início do ano. Em fevereiro, ocorreu um acidente em uma caldeira da fábrica e, há dois meses, a chilena CMPC, dona da empresa, anunciou que a produção ficaria interrompida até novembro na Linha 2, que é a mais importante.
A análise da coluna foi confirmada por Jéfferson Colombo, pesquisador da Fundação de Economia e Estatística. O economista enfatiza a importância de separar o reflexo das paradas no financeiro das empresas do impacto na produção.
— Mesmo que a Celulose Riograndense tenha um seguro que cubra os prejuízos monetários da empresa, o que deixa de fabricar impacta diretamente no nível de produção e no VAB (Valor Adicionado Bruto) do segmento. Mantida a paralisação até novembro, teremos impactos visíveis no PIB industrial do Rio Grande do Sul no terceiro e no quarto trimestres — complementa Colombo.
O mesmo vale para a manifestação da Petrobras sobre a Refap. Sem contar o impacto indireto, como nos serviços de transporte, além dos dados de exportação.