O que está escrito na lei nem sempre se vive. E o que se vive nem sempre está escrito na lei. O artigo 5º da Constituição Federal, por exemplo, é claro – "todos são iguais perante a lei" – mas foge à realidade, mente e, no máximo, é bela intenção.
Veja-se o dia a dia. Os privilégios das castas da política – ou os roubo$ direto$ e indireto$ no conluio entre poder público e privado– mostram que "a igualdade" é desigual. Aqui no Rio Grande, o gritante beira o escândalo com o aumento de remuneração de parte dos servidores estaduais, beneficiando as áreas mais bem remuneradas – Tribunal de Justiça e juízes, Ministério Público, Tribunal de Contas e Assembleia Legislativa –, já privilegiadas hoje, ao serem as únicos que recebem em dia.
Sem falar do setor privado, ficam de fora áreas fundamentais e mal remuneradas, como magistério e praças da Brigada Militar, além da polícia civil, do setor de Saúde, como médicos, enfermeiras ou dentistas, e, enfim, todo o Executivo.
A professora que prepara o futuro ou um médico e enfermeira percebem, hoje, menos do que "o assessor" que atende ao telefone em gabinete de deputado. O brigadiano que enfrenta a bandidagem ganha menos do que o motorista do Legislativo, que (de fato) serve à reeleição do político X ou Y.
O déficit público é aterrador num orçamento dedicado quase só a pagar salários, mas o Legislativo votará o aumento dos que mais ganham. A função da Justiça é exponencial e seus membros podem entender que pequenos "sacrifícios" individuais evitarão a insolvência. O Legislativo representa a sociedade e, assim, jamais deve buscar privilégios. Mas o que vemos será isto?
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Eduardo Leite receberá um Estado quase falido. Ao extinguir os órgãos de pesquisa em distintas áreas, Sartori castrou as funções do Estado e o transformou em mero carimbador de papéis que arrecada impostos.
O desafio será construir presídios, como transparece nos planos do futuro governador? Ou é combater o crime onde o crime nasce, cuidar das escolas e da educação, entender que o futuro da economia e da sociedade passa pela defesa da vida e do meio-ambiente? E, sem politicalha, convocar os melhores para essas tarefas?
E, já que a tarifa de eletricidade aumentará, ele pode pensar em reaver o que roubaram da CEEE, ainda em 1987 no governo Pedro Simon, do PMDB, e que hoje vai a R$ 1 bilhão. Nunca julgado, o processo se esconde "em segredo de Justiça" nas gavetas da 2ª Vara da Fazenda Pública, mostrando outros desiguais.