O grande eleitor de Jair Bolsonaro não irá à posse nem terá influência no governo, mas todos os números confluem nele. O denominador comum que gerou o terremoto eleitoral chama-se Lula da Silva. Preso, nem sequer votou, mas decidiu tudo.
Ou alguém duvida que o voto em Bolsonaro reuniu o ódio visceral à arrogância com que o chefão do PT governou, associando-se à politicalha e fomentando a corrupção em nome da governabilidade?
A antipatia do PT se transformou (para o público) em rebelião ao PT, ao governar alugando outros partidos. Doaram o comando da rapina na Petrobras ao PP de Maluf e ao PMDB de Temer. Depois o fizeram "vice" de Dilma, criando um Frankenstein. O PT chegou ao poder em nome da decência e da renovação, mas aí se igualou ao que dizia combater.
Com o terremoto da Lava-Jato e similares perdemos o medo de denunciar. Logo, um apagado deputado (que dizia não acreditar no voto, "só na guerra civil, mesmo morrendo 30 mil ou mais") descobriu as "redes sociais" e, em 2014, se fez candidato. Daí em diante, veemente e desbocado, com as "técnicas de captação de grupos" usadas por Steve Bannon na campanha de Trump nos EUA, transformou a ojeriza à politicalha em ódio ao PT.
As "redes" fazem inventar e fantasiar. Não debatem, propagam dogmas sem contradizer. E Bolsonaro chegou aonde está hoje pregando violência e ódio. E, por absurdo, "em nome de Deus"…
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A eleição-terremoto derrubou os carcomidos partidos. O eleitor quis castigar e, na boa fé, acreditou em quem prometia castigo e até bala. Mas na transição, o cataclismo dá sinais de pânico.
Em Santa Catarina, uma deputada do PSL de Bolsonaro criou um "canal anônimo" na internet para denunciar professores das universidades e surgiram imitações modernizadas de Hitler pelo país. Logo, o eleito lançou pela TV palavras de perseguição a um jornal que teria "mentido" ao criticá-lo, prenunciando restrições à liberdade de informar. Para o ministério de Educação, disse que escolherá "quem expulse Paulo Freire" das escolas para que os jovens não aprendam sexo…
Respeitada nos EUA e na Europa, a pedagogia do metodista Freire nada diz sobre sexo além do que aborda a Bíblia ou o Evangelho de João com "a verdade vos libertará", lema de Bolsonaro.
Mas a inquietação transforma-se em esperança com Sérgio Moro no ministério da Justiça, mesmo vindo a ser super-ministro, atuante até na economia e tendo de repartir poderes com gente desconhecida. Até assim, confiemos!