No início de 2017, Kayke desembarcou em Porto Alegre, experimentou o chimarrão que ganhou de um torcedor e posou para fotos. Estava tudo certo para ser o novo atacante do Grêmio, mas na última hora o contrato não foi assinado. A explicação foi um desacerto sobre uma cláusula que previa a compra junto ao Yokohama Marinos-JAP. Se fosse contratado após o empréstimo, seria necessário um reajuste salarial, o que foi recusado pela direção gremista.
Kayke acabou não ficando. Logo depois foi para o Santos, passou por Bahia, Fluminense, Goiás, e atualmente está no Qatar SC. Na época do desacerto, ele publicou uma nota oficial, mas nunca entrou em detalhes sobre o que aconteceu. Nesta semana, tive oportunidade de conversar com o atleta, que finalmente falou com calma e deu a sua versão:
— Eu vou ser bem sincero. Na época, evitei falar sobre isso para não criar um problema ainda maior. Não da minha parte, até porque dois dias depois eu estava me apresentando no Santos e ficou claro que não foi nada da parte médica. Eu nem dei entrevista ou explicação porque não tinha muito o que explicar. Foi uma situação interna, contratual — justificou.
O jogador admite que ficou chateado com a situação:
— Eu estava muito feliz, muito contente de acertar com o Grêmio naquele momento. Quando cheguei ao aeroporto, até dei uma entrevista dizendo que estava muito feliz, mas que ainda não estava tudo certo. Já cheguei com a minha mala preparada para ficar. Estávamos conversando há um mês, não era uma coisa de dois dias. Infelizmente, uma cláusula contratual acabou criando um empecilho e não houve acordo. Já tinha até tirado foto com a camisa, feito todos os exames, estava realmente tudo pronto. Foi uma grande frustração, fiquei chateado porque queria ter ficado. Mas tive que seguir o meu caminho.
Kayke explicou por que não abriu mão da cláusula:
— O clube bateu o pé em uma ou outra situação que estava combinada, que não era do nosso acordo. Eu não ia trocar na hora, mudar o meu pensamento, porque forçaram a barra. O que aconteceu foi isso. O contrato estava pronto, e na hora tentaram mudar uma ou outra situação, e infelizmente a coisa não aconteceu. Mas isso é passado. O carinho pelo Grêmio continua, a instituição é grandiosa. Eu fiquei muito feliz pelo Renato ter pedido a minha contratação.
E esta declaração de respeito ao Grêmio não é só discurso. Mesmo no Catar, Kayke mantém contato com vários jogadores do clube:
— Tive oportunidade de jogar com muitos atletas que estão na dupla Gre-Nal. Principalmente no Grêmio. Fiz grandes amizades, como David Braz, Victor Ferraz e Vanderlei, porque joguei com eles no Santos. Nossas esposas têm contato até hoje, os filhos também tiveram uma relação bacana. Conheço o Maicon e o Julio César do Rio de Janeiro. Paulo Victor é um grande parceiro de muitos anos no Flamengo. O Renato é meu amigo da praia, já jogamos futevôlei juntos. É um cara que eu tenho um carinho muito grande. No Inter, o Marcelo Lomba e o Rodinei. O Rodrigo Caetano me levou para o Flamengo, também tenho muito carinho por ele. Torço muito pelos amigos da dupla Gre-Nal.
Aos 31 anos, o atacante está desde setembro de 2019 no Catar. No momento, ele está de férias, pois as competições estão paralisadas, com previsão de volta no final de julho. Kayke aproveita o tempo para estudar e fazer cursos de gestão no futebol.
No próximo sábado (23), o jogador dará entrevista ao programa No Mundo da Copa, da Rádio Gaúcha, para falar sobre como está a situação no país da Copa e também contar os detalhes da sua participação no projeto da Next Academy, que prepara jovens atletas para tentar conseguir bolsas de estudo em universidades dos Estados Unidos.