A Chapecoense vai para mais uma final. Depois do duro trabalho de reconstrução do clube em 2017, com bons resultados, este ano está sendo o da confirmação. E novamente com sucesso.
Com a melhor campanha do Campeonato Catarinense, o time vai decidir em casa o título contra o Figueirense.
Um dos responsáveis pela montagem do elenco é o executivo Rui Costa. Depois da passagem pelo Grêmio, ele está em Chapecó desde o início de 2017. Durante a semana conversei com ele sobre o sucesso do trabalho por lá, e a possibilidade de mais uma conquista.
Novamente a Chapecoense vai decidir o título do Campeonato Catarinense. Qual é avaliação do trabalho até agora em 2018?
- Muito positiva, novamente enfrentamos um campeonato muito difícil, com quatro ou cinco clubes com chances de título. Estamos na final, e podemos conquistar o tricampeonato catarinense.
E para o restante do ano, o que vocês estão projetando?
- Já foi importante ter disputado a pré-Libertadores, mas caímos contra um gigante, o Nacional. Foi mais um aprendizado. Agora entramos nas oitavas da Copa do Brasil, o que é muito importante também pelo aspecto financeiro, porque passou a ser um torneio de muita visibilidade, mas também de muita capacidade financeira. Avançar na Copa do Brasil pode representar viabilizar o orçamento de um ano inteiro. No Campeonato Brasileiro vamos tentar repetir o que fizemos no ano passado.
- Nós do futebol vivemos de conquistas e taças. Somos avaliados pelas conquistas, sem considerar o que foi feito para chegar lá, independente do prazo para chegar lá. Esse prêmio, que pertence a comunidade e ao clube, do qual eu faço parte, tem um peso muito importante. É o Oscar do esporte. O que se fez aqui foi algo de repercussão mundial. Tenho muito orgulho disso. Vai além da questão esportiva.
Como funciona o processo de contratações da Chapecoense?
- É um patamar muito profissional. Rapidamente criamos uma plataforma de captação de dados. Claro que no ano passado foi uma situação muito atípica porque tivemos que formar um grupo totalmente novo, e isso exigiu uma estratégia diferente. Partimos muito da nossa avaliação, do nosso banco de dados, do que atletas oferecidos. Esse ano conseguimos manter 85% do elenco, o que é uma grande vitória, e fizemos contatações pontuais dentro do nosso orçamento. E nosso orçamento é totalmente diferente dos demais clubes do Brasil. Acho que entre os 20 clubes da Série A, nosso orçamento é 15° ou 16°. E estamos conseguindo ser competitivos.
Que imagem o Rossi, hoje no Inter, deixou aí em Chapecó?
- O Rossi foi extremamente importante aqui. Quando contratamos ele, foi um grande investimento da Chapecoense. Na primeira semana que cheguei aqui, viabilizamos isso. Na época houve uma preocupação. Imagina, o executivo chegando e fazendo uma compra que não era do patamar do clube. E seis meses depois vendemos ele por quase 100 vezes o valor da compra. Isso foi importante para esse novo momento do clube, que pode contratar jogadores, mas também pode vender jogadores. O Rossi, no período que esteve aqui, foi fundamental, e decisivo nos jogos da Libertadores. Só saiu por uma proposta irrecusável.
Você vai completar um ano e meio comandando o futebol da Chapecoense, o que para um executivo é um tempo considerável. Está satisfeito com o trabalho?
- Estou muito feliz aqui em Chapecó. Tem um significado muito especial estar aqui. Participar deste processo tem sido um aprendizado muito grande. Estou aprendendo e compartilhando. Fiquei muito feliz que a direção me procurou para renovar o contrato. Acredito muito em trabalho longo. Acredito em ciclos, e aqui acho que estou no auge do ciclo. Estou feliz na cidade, com a minha família, e estamos inseridos no clube, na cidade e na comunidade. Sem esquecer as outras experiências, especialmente o Grêmio. O executivo hoje é fundamental no futebol. Não acredito em futebol sem o trabalho do executivo. E aí em Porto Alegre, a dupla Gre-Nal está muito bem servida, com o Zanotta e o Jorge Macedo.
Você teve proposta do Santos?
- É um assunto delicado. Tudo que fiz aqui foi com autorização do presidente. Houve uma conversa. Não digo isso para valorizar o passe. Era natural. E não foi só o Santos. Nunca disse isso, só falo quando sou perguntado. O trabalho que fizemos aqui, porque não fiz sozinho, repercute. Fazer o que foi feito aqui mostra um perfil de profissional e de dedicação que o mercado busca. Eu não poderia sair daqui com a imagem de quem veio, surfou a onda e foi embora. Superamos todas as metas do ano passado. Entendi que é importante ficar no clube no ano de confirmação.