Bram Stoker não nasceu imortal: imortalizou-se em 1897, aos 50 anos, ao lançar o inigualável Drácula – o melhor e mais emblemático romance de vampiros de todos os tempos, herdeiro, continuador e inovador da prístina tradição da literatura inglesa de terror gótico e até hoje, 125 anos depois de escrito, um livro que ainda faz gelar o sangue nas veias.
Bram passou os sete primeiros anos de sua vida entrevado numa cama, acometido por uma doença rara e quase inexplicável. Médico após médico se revelava incapaz de solucionar o caso. Enquanto isso, da janela de sua casa, nos arredores de Dublin, na Irlanda, o menino seguia contemplando o oceano revolto e sombrio, as ondas indômitas do chamado Mar Céltico, que povoaram sua imaginação com ventos uivantes e natureza sempre cambiante.
Mas o que de fato o levou a escrever o livro que mudaria para sempre a história das histórias de terror foi um motivo mais implausível e inaudito. No verão de 1894, aos 47 anos, já plenamente curado, atlético e formado em Matemática, Bram Stoker estava passando as férias num hotel à beira-mar na Irlanda quando jantou uma maionese de caranguejo estragada e... viajou na maionese. Teve um terrível pesadelo e, misturando o folclore da Transilvânia com a história real de Vlad, o Empalador (1428-1477), o terrível príncipe da Valáquia, criou a inolvidável, inatingível, inimitável figura do Conde Drácula.
Foi amor à primeira mordida e a obra jamais deixou de ser reeditada, gerando centenas de sucedâneos, imitações baratas, soberbas adaptações cinematográficas e assombrosas peças teatrais, povoando de sonhos molhados (de sangue) muitos cérebros e pescoços – inclusive o deste que vos tece essas mal traçadas linhas. Sou o feliz possuidor de mais de 10 edições de Drácula, uma delas editada por mim, para a L&PM.
Mas Bram Stoker não escreveu apenas Drácula. Tanto que um de seus vários contos infantojuvenis, o surreal e divertido Quando o Sete Ficou Louco, foi lançado pela editora Piu. A tradução e a introdução são... minhas. Mas não estou usando este nobre espaço para fazer autopromoção. Sirvo-me de dois ganchos: nascido em 8 de novembro de 1847, Bram Stoker, fez aniversário segunda-feira passada, com todos os achaques da idade e idiossincrasias de um bom escorpiano. Apesar dos 174 anos, ele segue tão imortal quanto sua obra e estou aqui a soprar-lhe as velinhas.
Mas, além disso, tenho o prazer de anunciar que até 15 de novembro “está no ar” – literalmente, pois se trata de um evento virtual – a Festa do Livro da USP, durante a qual livros de várias editoras do Brasil estão com 50% de desconto. Ou seja, sem mordida no pescoço. Portanto, entre no site da editora Piu e leve o Sete, se não por três e meio, pela metade do preço, ou míseros 20 mangos. Uma barbada bárbara.