Sabe os cátaros? Sabe não? Bom, isso é porque a Igreja Católica Apostólica Romana não só os riscou da face da Terra como tratou de apagá-los da História, disposta a esconder também os próprios crimes. Mas o aniversário de um dos acontecimentos mais infames da cristandade desponta como boa ocasião para resgatar o que se passou em 9 de julho de 1209 – sim, 812 anos esta noite –, quando 7 mil cátaros, entre os quais milhares de mulheres e crianças gritantemente inocentes, foram queimados vivos por ordem do papa Culpôncio, ops, perdão, Inocêncio III.
Começando pelo começo. Em 1022 – duas décadas e dois anos depois do Bug do Milênio Parte 1, quando metade da Europa achava que o mundo ia acabar e a outra metade tinha certeza –, dois monges de Toulouse, no sul da França, foram acusados de adoradores do Diabo e, seguindo à risca o figurino da época, arderam na fogueira. O bispo de Toulouse discordou frontalmente da decisão do Vaticano e criticou a execução sem temer a reação de Roma. Às escondidas, ele e vários padres de sua diocese já vinham formulando conceitos assombrosamente heréticos pela ótica do catolicismo de então – e de hoje também. Mas é uma tese instigante: os cátaros acreditavam que Deus era puro espírito e que a criação não seria obra divina, mas um desdobramento maléfico.
À medida que os anos viraram séculos, os cátaros foram aprofundando sua dissidência e passaram a rejeitar o dogma da Santíssima Trindade e sacramentos como o batismo, a eucaristia e o matrimônio. E a defender o sexo – opa! – fora do casamento. Mas já é hora de salientar que os cátaros não se autodenominavam cátaros. Pelo contrário, odiavam a palavra, pois era uma ofensa provinda de catus (“gato” em latim), já que, segundo detratores da seita, em seus cultos os cátaros “lambiam o traseiro de gatos”.
O Vaticano autorizou então a primeira, única e última cruzada contra cristãos da História e em 9 de julho de 1209, 7 mil fiéis foram chacinados. Em 1244, os derradeiros 200 cátaros arderam nas chamas da intolerância ao redor de Montségur. Em 1250, os cátaros já eram História. Ou nem isso. A não ser, é claro, em lugarejos dos Pirineus, já quase na Espanha, onde o povo ainda é tão rebelde, que, de birra, despreza o futebol e só joga rugby.
Com a bolinha do meu time do jeito que anda, e com “reverendos” intermediando a venda de vacinas e “bispos” negacionistas apoiadores do Bozo com as burras cheias de dinheiro, ando pensando na tese dos cátaros. E, embora o Papa hoje seja um cara legal, bom lembrar que ele andou chamando os brasileiros de cachaceiros. Mas, poxa, Santo Padre, sem a purinha está difícil segurar esse rojão.
E é melhor encher a cara do que lamber traseiro de gatunos, coisa que os pobres cátaros nunca fizeram, mas que tem gente que faz, né?