Num belo e certo dia do verão de 1984 – mesma estação e ano no qual foi lançada minha tradução de On the Road/ Pé na Estrada, de Jack Kerouac, me catapultando para meus (primeiros) 15 minutos de fama –, fui atingido por um raio de perplexidade. Ao cair das nuvens da dúvida, ele me deixou encharcado no aguaceiro da vergonha. Sim, trotava eu pelo parque, pés no chão e cabeça nas alturas, quando fui assombrado por uma certeza paralisante: eu não sabia nada – n-a-d-a – sobre história do Brasil. Relutei, desafiei a mim mesmo e discuti com meus botões: "Claro que sei". E dei início às enumerações: "Teve o Cabral, as capitanias hereditárias, a chegada da família real, o Tiradentes – opa, peraí, Tiradentes veio antes –; daí o grito do Ipiranga, os farrapos, as barbas do imperador, então umas escaramuças e...o Getúlio Vargas".
País em construção
O Enem foi parar no São Pedro
O confronto com minha constrangedora ignorância gerou bons frutos
Eduardo Bueno