O áudio do VAR ajuda a esclarecer o que motivou a estranha demora para a validação do gol de Rodrigo Lindoso na eliminação do Inter contra o Flamengo na semifinal da Libertadores, na última quarta-feira (28), no Beira-Rio. O principal fator de atraso foi o tempo perdido até que os responsáveis pelo recurso eletrônico tivessem consenso em recomendar a revisão por parte do juiz principal no monitor à beira do gramado.
Analisando a conversa divulgada pela Conmebol (assista ao vídeo abaixo), é possível perceber que há a certeza de condição legal de Rodrigo Lindoso de forma imediata pelo árbitro de vídeo. A partir do momento em que o gol é marcado, ele começa a observar a possível interferência por posição de impedimento de outros jogadores do Inter. Quem aparece claramente adiantado no meio da grande área é o zagueiro Rodrigo Moledo. Mais uma vez, a demora é pequena para perceber que o defensor não tem qualquer participação no lance. Um minuto e meio após a marcação, o VAR chega à conclusão inicial de que o gol é legal.
Neste momento, surge um novo complicador que é a posição de Patrick, que está perto da jogada e salta na direção da bola junto com Lindoso. O diálogo entre os que estão na cabine do VAR indica que a posição de Patrick é de impedimento (eles usam a expressão "fuera de juego", que é o sinônimo de impedimento, em espanhol). Entretanto, os árbitros de vídeo divergem sobre a interferência ou não do volante. Com isso, decidem chamar o juiz principal para a área de revisão no monitor à beira do gramado e transferem a bronca.
Dentre os fatos que chamam a atenção neste lance está o de que Patrick parece estar em posição legal, de acordo com a imagem. Outro ponto interessante é que, em nenhum momento, a linha de impedimento é colocada com base na posição do volante. Quando a imagem é mostrada para esclarecer isso, um "traço" está em Moledo e o outro no penúltimo defensor do Flamengo. É como se eles estivessem julgando uma irregularidade de um jogador que estava em posição normal com base na posição ilegal de outro.
O árbitro argentino Patricio Loustau faz o gesto de revisão com as mãos após três minutos e meio do começo da checagem na cabine do VAR. A partir disso, se dirige ao monitor à beira do gramado e chama o auxílio do bandeira Juan Belatti. São necessários mais de dois minutos para determinar a validação do gol.
Em resumo, foi uma checagem bastante confusa. Por sorte, o árbitro validou o gol por entender que Patrick não estava interferindo na jogada. Ainda acho que a grande questão está na real posição do volante. Se estava adiantado mesmo, o gol deveria ter sido invalidado porque ele interfere em Cuellar. No entanto, até que consigam mostrar com clareza o contrário, sigo achando que o único impedido do lance era Moledo e ele não interfere em nada. Por isso, o gol foi bem validado.
Por fim, o tempo perdido no lance não foi recuperado corretamente. O vídeo abaixo tem seis minutos de duração. Aperte o play e observe que a "confusão" da checagem começa quando o cursor marca 30 segundos. Até o final, são cinco minutos e meio até que Patricio Loustau faça o gesto com as mãos para validar o gol. E a última coisa que o VAR diz para o juiz é que foram perdidos quatro minutos no lance. A conta não fecha. Um minuto e meio se perdeu no caminho.