Ser campeão desta Libertadores é uma utopia para o Grêmio. Há adversários melhores, em time e elenco. Eles têm casa própria lotada, mais ritmo de jogo — porque não tiveram de parar duas semanas — e menos risco de lesão. Como prosseguir sabendo que o mundo real vai te oferecer complicações severas logo ali adiante?
Gosto de uma imagem do cineasta, pintor, poeta e escritor argentino Fernando Birri, que o escritor Eduardo Galeano sempre citava. É uma filosofia de vida, mas parece escrita para a magia do futebol, a grande paixão deste notável uruguaio:
"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."
É isso. É improvável que o Grêmio seja tetra, mas cenas como as imagens do Couto Pereira lotado e a superação na tempestade chilena já ficaram na história e na memória da torcida. Bem, e se elas forem se repetindo? Toda a utopia vale a pena.