Foi a combinação perfeita de um time espartano, capaz de abrir mão de Di Maria e Lautaro para se defender mais e, assim, liberar a sua estrela fulgurante, cuja luz iluminaria o deserto inteiro à noite se preciso fosse. Messi deu um show inesquecível, talvez uma de suas maiores atuações na carreira. Fez gol, deu assistência de craque e liderou a Argentina em um 3 a 0 fácil contra a Croácia. Os ilusionados argentinos estão na final da Copa do Mundo do Catar.
Houve também Julian Álvarez, a veloz e jovem promessa do Manchester City a puxar contra-ataques. Mas o segredo foi a Argentina espartana. O Brasil tem boa dose de participação nessa classificação Argentina. Ensinou direitinho o que NÃO fazer diante de Croácia naquela fatídica eliminação, há quatro dias. A começar por Modric.
Ele não pegou a bola livre a todo instante. Era só olhar o campo e ver o cuidado do meio-campo argentino para ele não ter liberdade. Quando havia uma remota chance de a bola chegar nele, alguém encurtava. A ordem era não deixá-lo dominar e girar. Lionel Scaloni abriu mão de Di Maria e Lautaro, dois atacantes famosos, em nome de um meio-campo operário, com Enzo Pérez, Paredes e De Paul. Alinhou três cães à frente da área, mais um Mac Allister que não pede licença para dar carrinho.
Tudo para deixar Messi, especialmente, e Julian Álvarez prontos para o bote. A Argentina marcou com sofreguidão cada jogador da Croácia que tocasse na bola. O Brasil não fez isso. A cada desarme, procurava Messi. Ele flutuou pelo campo todo, como Modric contra o Brasil. Só que com muito mais recurso técnico, deu aula. Atuação de Maradona.
Fez o seu de pênalti, tornando-se o maior artilheiro argentino em Copas. Driblou a defesa inteira antes de servir Mac Allister. Ninguém tirava a bola dele. No segundo tempo, Scaloni tirou Paredes em nome de mais um zagueiro, Lisandro Martínez. Marcar, marcar, marcar. Defender-se em nome de Messi. A Croácia tinha a bola, mas não chutava. Trocou Brozovich por Petkovic. Abriu-se, facilitando as coisas para Messi. Que show. Que aula. Uma noite para a história. O seu último tango será uma final de Copa. Messi está a um jogo de virar Maradona.