Ele vinha sendo reivindicado da tempo. Mas o fato de jogar no Brasil acaba, sim, sendo um limitador. Lá fora, os jogadores são testados em altíssimo nível. No ciclo da Copa da Rússia, o técnico Tite lutou bravamente para encontrar o que chamava de ritmista, aquela peça capaz de ditar a velocidade das jogadas, alternando velocidade e paciência. Imaginava-se que Coutinho pudesse ser esse homem, mas ele não vestiu o figurino. É meia-atacante demais para tanto.
Até chegar Everton Ribeiro.
Ele é o grande acréscimo destas três rodadas de Eliminatórias. Não pelo gol da vitória contra o Chile por 1 a 0. Nem pelo gol desta quinta-feira, no triunfo de 2 a 0 sobre o Peru. A questão é que, enfim, Neymar ganhou um companheiro capaz de trabalhar a bola perto da área na hora da posse. Neymar, do meio para a esquerda. Everton, do meio para a direita. Desobrigado de ser o centro de tudo, Neymar cresceu, ainda longe do seu ideal. Ficou mais livre para dialogar com Gabigol na frente.
Que tal dar uma sequência para Everton Ribeiro, que tem mostrado garra incomum, como se, de fato, o sonho de ser titular fosse a sua vida? Tite gosta disso. Ele parece um garoto busca do lugar ao sol. Gerson, mais como volante e menos solto do que nos tempos de Flamengo, cumpriu bem função tática com Casemiro. Gabigol somou pontos na briga com Firmino, ídolo do Liverpool que segue sem encantar na Seleção.
Mas sejamos pragmáticos. Deixemos Gerson e Gabigol para mais adiante. Se eles continuarem sendo convocados, ótimo. Mas Everton Ribeiro, ritmista, este já pode ser pensado como titular. O esforço dele para também cumprir as tarefas operárias vale registro. Com Neymar sumido, contra o Chile, ele colocou o jogo no bolso. Diante do Peru, desde o início, foi bem, já com Neymar melhor.
Everton Ribeiro, quem sabe o ritmista que não tivemos na Rússia, a melhor notícia da Seleção. Pena que sem o teste contra a Argentina.