O capitão Maicon, 35 anos, não é mais jogador do Grêmio. Ele mesmo pediu para sair. Seu último ato é o que ficará, e não a fúria intempestiva que resultou em sua expulsão contra o Corinthians.
O último ato é o de um jogador que, com problemas clínicos e físicos produzidos por uma carreira minada por lesões, recusa-se a ficar só recebendo alto salário sem devolver futebol. Até entendo que, mesmo descontado e por pouco tempo em campo, poderia ajudar tal a sua qualidade superior. Um terço de Maicon é mais do que muito 100% por aí.
Talvez o fato de não ter condições de acompanhar o ritmo de seus companheiros tenha influenciado em sua decisão de romper o vínculo que terminaria em dezembro.
Mas levanto uma questão: este novo Grêmio de Felipão não tem muito o perfil de Maicon. Não é um time de posse de bola e passes, mas de contra-ataque e transição. É só ver os volantes que ganharam espaço com Felipão. Maicon juntou tudo — lesões, idade, um estilo de futebol que não é mais o seu — e preferiu sair. Não sei se encerrará a carreira ou não. Vai depender, talvez, da punição que pegará por ter ofendido e tocado no árbitro Ricardo Marques Ribeiro.
Dirão que ele viu o barco afundando e pulou antes do naufrágio. Surgirão histórias, talvez, de desentendimento com Felipão. Mas entendo que se trata de um dos maiores jogadores da história do clube saindo por não se considerar mais útil, algo inaceitável para alguém que virou torcedor e se apaixonou pelo Grêmio. Vai embora um dos expoentes da retomada de títulos após 15 anos na fila. Será que o Grêmio teve um volante melhor do que Maicon em sua história?