Vilipendiado no Inter muito por erros seus, o ponteiro Marcos Guilherme, quando estava no Beira-Rio, não driblava e nem chutava. Logo, seus gols eram raridade. Houve momentos de furar em bola na cara do goleiro. Sua saída para o Santos foi festejada. Passou por vários técnicos sem resultado. Nunca se firmou como titular.
Aí ele vai para o Santos e, contra o Cianorte, faz o gol da vitória na Copa do Brasil. Não um gol qualquer. Um gol de Pelé. Dribla dois, tira para dentro, vê o goleiro adiantado e acerta o ângulo, em curva. Espetacular. Nunca fez nada parecido. Terá sido apenas a mudança de ares? Pode ser, claro. Não seria o primeiro e nem o último.
Mas quero colocar um elemento para o debate sobre o Inter de Miguel Ángel Ramírez. Neste momento, ninguém no Inter dribla. A regra é ir girando a bola até encontrar o espaço com vantagem numérica, através de deslocamentos e ultrapassagens coordenadas. Na última parte do campo, claro, a regra é ir para cima. Só que não tem acontecido.
A bola chega ao lado do campo, ao fundo. A marcação se ajeita. Então, até Caio Vidal, cuja característica é o drible, dá o passe de segurança mais atrás. Parece-me que os jogadores estão travados em relação ao drible e ao chute de fora da área, sem entender exatamente o que deseja Ramírez.
Temem arriscar o drible, tomar contra-ataque e serem responsabilizados. Nada pode ser pior do que atacante ou meia-atacante que transfere responsabilidade o tempo todo na hora de definir.
A chance maior, claro, é o golaço de Marcos Guilherme ser aniversário. Sorte. Uma vez e nunca mais. Mas não custa nada tentar entender o que pode tê-lo feito ao menos ter tentado um lance como contra o Cianorte, quando no Inter era tão burocrático.