Não vou entrar na questão jurídica, embora me pareça exagero cassar uma candidatura sem a certeza de ligação efetiva de um eleitor que compartilhou dados sigilosos dos sócios do Inter e integrantes da Chapa 3, de José Aquino Flores de Camargo.
O placar na comissão eleitoral foi bem expressivo em favor da cassação, por 6 a 1. O fato é que, claro, sem ter mais instâncias para recorrer no clube, o ex-presidente do TJ-RS tentará na Justiça Comum um jeito de disputar com Alessandro Barcellos no voto direto pela internet, na terça-feira.
A trajetória de Aquino como homem público, vale dizer, é exemplar. Não sei quem tem razão de fato, insisto.
Mas tenho certeza de que toda esse cenário é lamentável. Melancólico. Deprimente. Triste.
O Inter está parecendo o Vasco, com aqueles rolos herdados dos tempos de Eurico Miranda. É feio. Ninguém se entende. Todo mundo briga. As redes sociais viraram carnificina. A campanha do time virou acessório. Como o vencedor governará com o clube destroçado assim?
Bem, não foi por falta de aviso deste colunista. Virou o fio.
Essa eleição tinha de ter sido adiada para fevereiro, coincidindo com o fim da temporada da pandemia. Tudo ficou para depois, só a eleição do Inter não. Faltou diálogo e grandeza política para resolver um problema que obviamente ia atrapalhar o vestiário.
A campanha seria mais tranquila e transparente ali adiante, sem constrangimentos como o seguinte: os candidatos não querem Abel Braga para 2021, mas é ele que tem de treinar e mobilizar o time para salvar a temporada.
Depois da incrível partida que o Inter fez na Bombonera, não eliminando o Boca somente por uma cobrança de pênalti, está claro que houve evolução e reação elogiável dos jogadores. Dá para mirar G-4.
Mas como manter a mobilização, se o Brasileirão vai até fevereiro e não se sabe nem se haverá alguém no comando, pois Rodrigo Caetano também não está nos planos?
Não sou instituto de pesquisa, mas há risco de baixa participação dos sócios nesta eleição. Ouço de muitos torcedores relatos de desencanto e decepção com essa brigalhada toda. Pena, para uma instituição gigante e que foi campeã do mundo justamente quando uniu movimentos em torno de uma grande aliança, hoje fracionada em vários grupos adversários.