Em sabatina realizada na tarde desta quinta-feira (10) por GZH, o candidato à presidência do Inter, Alessandro Barcellos, pôde apresentar suas propostas ao sócio colorado para as eleições agendadas para o dia 15 de dezembro. Por cerca de 30 minutos, o ex-vice-presidente de futebol, que atualmente encabeça a Chapa 05 (O Inter pode mais), respondeu os questionamentos dos jornalistas Rafael Diverio, Leonardo Oliveira e Lelê Bortholacci — que representa também a torcida colorada no Grupo RBS.
Em suas primeiras manifestações, Barcellos revelou que deseja profissionalizar o clube, trazendo de volta figuras como a do CEO.
— O futebol mudou muito e exige mais profissionalização. O Inter fatura R$ 400 bilhões e, uma empresa com este faturamento não sobrevive com abnegados e amadores. A partir das relações que construí, tenho o apoio do Aod (Cunha, que ficou cinco meses no cargo em 2011) e sei como se deram as coisas e não podem voltar a acontecer. Tenho conversado com profissionais no mercado e vamos jogar transparente com o torcedor. É necessária uma mudança de ciclo, de paradigma. Faz 20 anos que o Inter é administrado no mesmo modelo. Todo mundo acha muito bonito o Flamengo de 2019, mas ninguém quer falar sobre o Flamengo de 2013, que buscou equilíbrio financeiro. Isso, para nós, é fundamental. Não dá mais para negociar com o tempo. Precisamos mudar para ontem — explicou.
Confira outros tópicos da entrevista:
Organograma do clube
O planejamento que fizemos é de gestão, para três anos. Evidentemente, vamos montar um projeto estratégico de maior tempo. Mas, para esses três anos, temos muito claro que é necessário mudar o organograma do clube. Temos que ter um CEO, que organizará todas as pastas, que tenha diálogo com o Conselho de Gestão. E o futebol estará respondendo a isso, com um diretor executivo, porque é fundamental que se tenha um gestor no futebol. Abaixo dele, um diretor técnico, que faça relação com o vestiário e tenha vivência com jogadores e treinador, para preservar a figura do treinador para um projeto a médio e longo prazo. E, na linha abaixo, todas as áreas fundamentais, de análise de mercado, gerência de mercado e, ao lado disso, um coordenador técnico que faça a relação do futebol profissional com a base. Todos profissionais. Nesta eleição, já vi organogramas com quatro gestores políticos. Nós vamos ter apenas um dirigente político.
Novo técnico
Ontem tivemos uma demonstração do que é o grupo de jogadores do Inter, da entrega e batalha. E o dirigente tem que respeitar o que está acontecendo lá dentro, independente de quem esteja na gestão. Vamos avaliar este processo. Evidente que temos de estar preparados para qualquer situação. Estamos nos mexendo, mas é importante olhar para lá e ver que temos nove pontos a serem disputados neste ano e precisamos buscar melhores colocações e, quem sabe, ser campeão. Eu ainda não atirei a toalha. Por isso, a questão do vice-presidente de futebol, dependendo do perfil, impacta lá dentro. A gente está falando de seres humanos, de relações e, por isso, temos este cuidado. Estamos conversando, no cenário brasileiro e internacional, com profissionais de gabarito para ocupar estes espaços. Quando tomarmos as decisões, avisaremos vocês.
Vice de futebol
Nosso projeto trabalha com dois pilares: categorias de base e uso da ciência de dados. O vice de futebol é uma peça da engrenagem. Nós não acreditamos nessa ideia que perdurou por 20 anos no Inter que vice de futebol vai botar o pé na porta e trazer uma solução mágica. O Conselho de Gestão tem a prerrogativa de escolher o vice de futebol como todos outros vices. Portanto, estamos trabalhando neste sentido mais amplo, para que não tenha conflito do perfil da figura política com o projeto que defendemos.
Ideia de jogo
Na história de conquistas do Inter tem um fio condutor de uma forma de jogar. Nos melhores times montados pelo Inter, tivemos um futebol propositivo, com dinâmica de jogo, onde os meias e laterais chegavam à frente. Onde o Inter botava respeito fora de casa, buscando intensidade o tempo todo. É o modelo que nós acreditamos e é o DNA do Inter. Isso vinha acontecendo de alguma forma, mesmo com os questionamentos. Quando saí da vice-presidência de futebol, o Inter era líder. Então, vamos buscar compor uma comissão técnica que trabalhe com este modelo e tenha afinidade e conhecimento sobre as categorias de base. Queremos que o processo percorra todas as categorias de forma metodológica, garantido que a fábrica não pare de funcionar.
Reforços
Nós tivemos times competitivos e vitoriosos que tinham jogadores formados no Beira-Rio. Acho que partimos de uma base boa de jovens. Evidentemente, vamos fazer mudanças no plantel. Por isso, temos que ter uma equipe competente, não só para buscar jogadores mas para tirar. Não podemos ter um plantel inchado. Já temos grandes jogadores no nosso plantel, como o Paolo Guerrero. Então, olhando pontualmente, vamos buscar jogadores para complementar.
Dívida
Hoje o Inter oferece um produto único para o torcedor, que é o jogo. Mas 70 mil sócios não vão aos jogos. Queremos transformar o Inter no clube mais digital do Brasil, queremos levar experiências aos torcedores. Pegamos os números do IBGE sobre a população do Rio Grande do Sul, separamos em gremistas e colorados de uma forma conservadora e chegamos à conclusão que temos 1,2 milhão de torcedores que poderiam contribuir com uma mensalidade. Não queremos aumentar a mensalidade, mas o quadro de sócios. E precisamos fazer redução de custos. Já existe uma redução significativa, mas precisamos melhorar. Nós gastamos mal no futebol. Temos que ter mais eficiência. Em 2020, provamos que é possível fazer mais com menos. Também temos que alongar o perfil da dívida. Se não enfrentarmos essa dívida, teremos problemas ali na frente, com outros clubes tiveram. Ela vem todos os anos comendo parte do nosso lucro operacional.