Revelado na base do Fortaleza, Everton não chegou a atuar pelo clube do coração como profissional. Foi vendido ao Grêmio em 2013 por — puxe a cadeira e sente — R$ 300 mil. Após dois Gauchões (e um terceiro, deste ano, encaminhado), Copa do Brasil, Libertadores, Recopa Sul-Americana e Copa América pela Seleção, ele está saindo por 22 milhões de euros: R$ 139 milhões.
O executivo de futebol Rui Costa lembra de como foi difícil a chegada do jovem de 16 anos.
— Ele era tímido e teve dificuldades com o frio. Chegou a cogitar sair do Grêmio. Os profissionais da base tiveram trabalho árduo para convencê-lo a entender o que estava acontecendo — lembra Rui.
Hoje, meninos de todo o Brasil sabem que, se vierem para o Grêmio, terão espaço para desenvolvimento e, o mais importante, chance de jogar.
O Inter perdeu esse carimbo. Na virada do milênio, centenas de guris de todo o país procuravam o Beira-Rio. Eles queriam ser o novo Alexandre Pato ou Luiz Adriano. O novo Nilmar, Taison ou Leandro Damião. Surgia um atrás do outro. Como agora, no Grêmio.
A história Gre-Nal vive de ciclos. Ciclos e espasmos. O Grêmio dos anos 1990 ganhava, mas o Inter ainda beliscou uma Copa do Brasil, em 1992. Ciclo do Grêmio; espasmo do Inter. O Inter do novo milênio foi campeão de tudo, mas o Grêmio quase faturou a Libertadores de 2007. Ciclo do Inter; espasmo do Grêmio.
O ciclo atual é tricolor, já com espasmo colorado no recente vice da Copa do Brasil. É por isso que o Grêmio ganha títulos e Gre-Nais. Como sair de um ciclo ruim? Aos poucos, com gestão honesta e pés no chão. Não trocar de técnico a toda hora ajuda muito. Nos últimos cinco anos, o Grêmio teve só Roger e Renato. O Inter acertou ao dar quase duas temporadas para Odair Hellmann. Que faça o mesmo com Eduardo Coudet. Ciclos.
Não se pode brigar com a história.