O volante sergipano Zé Gabriel, 21 anos, 1m84cm, desde já é zagueiro titular do Inter no lugar de Bruno Fuchs, negociado com o CSKA Moscou, gosta de ler. Ele já tinha virado notícia quando foi convidado por Tite e seu estafe a treinar com a Seleção Brasileira em Porto Alegre, antes do amistoso contra Honduras, preparatório à Copa América, no ano passado.
O passe progressivo – ele podia ter optado pela segurança de Rodinei, ao seu lado, mas estica de forma aguda e vertical até o meio-campo – na origem do segundo gol do Inter virou selo de sua titularidade, à la Coudet.
A bola passa no meio de dois e encontra Galhardo, que arranca para servir Patrick após avança um tanto. O próprio Galhardo acompanha o lance e faz o gol, apanhando o rebote do chute de Patrick no travessão.
A origem do gol que desafogou a vida do Inter contra o Atlético-GO foi de um zagueiro. Pelo chão. A maturidade de Zé Gabriel no dia a dia chama a atenção. Avesso a badalações de redes sociais, fala pouco. E, quando abre a boca, alguém tira onda que ele parece ter 40 anos. De onde vem essa peculiar sobriedade aos 21 anos?
Vou arriscar. Zé Gabriel gosta de ler. Educação financeira, biografias, obras sobre líderes: o que cai nas suas mãos ele traça. Agora mesmo está lendo "O Monge e o Executivo", de James Hunter, best-seller sobre liderança empresarial. Rótulos são perigosos, ainda mais com o preconceito à solta em tudo, mas gosto de acreditar na inteligência dos leitores. Então aí vai: Zé Gabriel é um zagueiro intelectual. Trata-se de uma virtude.
Belo exemplo. Ler faz bem à saúde.