O Grêmio, após conversas que tiveram em Renato Portaluppi um líder negociador, ao lado de Maicon, Geromel, Kannemann e Marcelo Oliveira, fechou o acordo com seus jogadores durante a pandemia. Trata-se de um acerto único e diferente de todos os outros celebrados pelos clubes no Brasil durante a luta contra a queda de receitas impostas pelo recesso do futebol, já na casa dos 100 dias.
Em vez de reduzir salários, o Grêmio pegou um empréstimo de mais da metade (55%) do total, entre vencimentos na carteira e direitos de imagem, junto ao grupo de atletas. Estes valores serão devolvidos em dois anos, de janeiro de 2021 a dezembro de 2022. Haverá algum juro em alguns meses na devolução, mas não em todos.
Nesses termos, parece-me uma tacada de mestre.
O que os clubes mais precisam nesse momento? Grana à vista. Fluxo de caixa para tocar o barco. Liquidez. As receitas desabaram. De fixo mesmo, sem maiores alterações, restou a arrecadação dos sócios. As outras todas, é claro, tiveram queda.
Pelo acordo, o Grêmio deixa de gastar entre R$ 6 milhões e R$ 7 milhões por mês. Multipliquei isso por seis meses. É muito dinheiro.
Como a devolução será alongada, a perder de vista, apenas quando a roda voltar a girar, o presidente Romildo Bolzan garante um alívio salvador nesse momento. Atrevo-me a dizer que, com esse acordo, o Grêmio sedimenta a travessia até o porto seguro durante a tempestade.
O acordo também é inteligente por manter o emprego dos funcionários. Claro que o Grêmio só pode fazer isso pela sua saúde financeira, construída com rigores de gasto e superávits sucessivos. Outros não tiveram alternativa senão cortar salário mesmo, valendo-se da permissão do Governo Federal, de até 25%.
Ocorre que essa tacada do empréstimo, sem ter de recorrer aos bancos e suas regras perversas, garante economia muito maior na hora mais crítica, que é a da ausência de futebol. O clube deixa de gastar 55% em salários totais durante seis meses.
Uma saída inteligente.