Quem souber avaliar a experiência alemã, que já retomou a Bundesliga com sucesso no fim de semana, dentro das condições possíveis de segurança sanitária, largará na frente. Tomemos as lesões, como exemplo. Foram oito problemas musculares em uma única rodada. Após meses de inatividade, será preciso dosar como jamais se viu.
O Inter, cujo modelo do técnico Eduardo Coudet exige intensidade em rotação lá em cima o tempo todo, com direito a blitz para retomar a posse da bola, terá de avaliar bem as implicações dessa marca que vinha dando certo até a parada.
Outra questão é ter a dimensão de que, sim, haverá casos de jogadores infectados após alguma rodada, apesar dos testes da covid-19 periódicos e da medição diária da temperatura e dos níveis de oxigênio nos centros de treinamento de Grêmio e Inter.
Se nenhum jogador pegar esse vírus dos infernos, tanto melhor. Mas 100% de aproveitamento? Não creio. E, quando acontecer, o técnico terá de se virar com um desfalque de última hora, que pode aparecer antes de cada treino.
Na live que fiz com Odair Hellmann, treinador do Fluminense, ele me disse que tem só uma certeza: o nível cairá muito. Nunca aconteceu de os jogadores pararem 60, 90 dias logo no começo de uma temporada. É impossível prever as reações, físicas e psicológicas, com estádios vazios, em um esporte no qual se exige cada vez mais força, fôlego e explosão.
O torcedor terá de ser compreensivo como jamais foi na vida. Tudo como era antes, só depois que a ciência descobrir a vacina. Até lá, vale a máxima, olhando para os alemães. O inteligente aprende com os próprios erros, porém sábio é o que aprende com os erros dos outros.