Perdi as contas de quantas vezes escrevi sobre a necessidade de o Inter se reagrupar internamente. Há clubes que atravessam boas fases mesmo com divisões internas. Não é o caso no Beira-Rio.
É matemática: quando reuniu um grande grupo de dirigentes para trabalhar em conjunto, o clube se reestruturou em todos os setores e chegou ao topo do mundo vergando até o Barça de Ronaldinho e Iniesta.
A derrocada coincide com as brigas geradas pelo poder. Mais divisões, mais derrotas — até o fundo do poço na Série B. É tudo tão claro que chega a assustar. Se esta lógica não for revertida, todos morrerão abraçados: situação, oposição, independentes, antigos, novatos.
De que adianta assumir um clube enfraquecido? No aniversário de 109 anos, infelizmente não vejo o Inter em paz. O fogo amigo arde. Os de fora espreitam os de dentro, que por sua vez têm o foco desviado pela artilharia. Os inquilinos se revezarão na gestão, mas esse mecanismo perverso permanecerá.
Se o Inter não se fortalecer neste momento delicado, descapitalizado, ficará vulnerável. O Brasileiro que vem aí é duro. Marcelo Medeiros tem uma missão complexa pela frente: acertar uma trégua.
O presidente do Inter possui perfil político para tanto. É moderado. Tolerante. Evita a crítica e a polêmica. Trabalha mais com o silêncio do que com a palavra que não for essencial ou necessária.
O ideal seria hibernar diferenças em nome de um pacto possível, quem sabe até reforçando a gestão. Um passo de cada vez. É preciso semear. Não há colheita sem plantio. Haveria generosidade de todos para uma trégua, em nome do coloradismo que os une?