A decisão da Recopa é um marco no futebol sul-americano porque abriu contagem para uma lenta agonia. A prática que, durante décadas, sempre foi identificada como virtude, vai morrer. O árbitro de vídeo enterrará a velha catimba argentina, pelo menos da maneira que nos acostumamos a ver. Não só catimba dos argentinos. Dos uruguaios também, mas principalmente dos hermanos.
Está com os dias contados aquela história de dar uma "chegada" para intimidar, criar uma situação de conflito que resulte no centenário empurra-empurra cujo objetivo é fazer o tempo passar ou apenas perturbar o adversário.
O uso da imagem para rever lances tornou a partida um BBB para os árbitros. Já era assim para os jogadores e o público há muito tempo, com a evolução das transmissões de TV e suas dezenas de câmeras com cada vez mais definições. Mas o árbitro só podia ver depois. O árbitro era o marido traído: sempre o último a saber.
Os catimbeiros ainda podiam podiam exibir a habilidade de bater sem o árbitro notar, apenas com o ônus do constrangimento de todos saberem. Mas isso nunca lhes tirou o sono, vamos combinar. Desde que o árbitro não visse, beleza. Agora, não. Agora tem o VAR.
Se o árbitro for avisado de agressões como as de Gigliotti (em Kannemann) e Amorebieta (em Luan), em Avellaneda e na Arena, e não os expulsar depois de conferi-las no monitor, a carreira dele termina ali. O Independiente pagou caro por não acreditar nos novos tempos. O recado desta Recopa para o continente é: a velha e tão glamourizada catimba, tida como indispensável para a vitória, pode ser o atalho da derrota. É o fim de uma era.