O Grêmio tem um jogador, um guri, que é um diamante. A propósito, lembro agora que, quando o Grêmio trocou Éder Aleixo por Paulo Isidoro, nos anos 80, Oswaldo Rolla, o “Foguinho”, comentou:
“O Grêmio está trocando um diamante branco por um diamante negro”.
Hoje, Foguinho teria problemas com as redes sociais devido a essa declaração. Acusariam-no de racismo, cancelariam-no como se ele fosse uma Pugliesi, porque Éder tinha pele branca e Paulo Isidoro tinha pele negra, mas, não, não se tratava de uma observação epidérmica, e sim esportiva. Foguinho se referia ao tipo de futebol exercido por Isidoro, raro como um diamante negro.
Isidoro, de fato, jogava do jeito que Foguinho gostava: combatia com intensidade, preenchia espaços, se movimentava o tempo todo e, para arrematar, possuía a técnica do jogador de Seleção que foi. Um Tinga com mais habilidade. Um diamante negro.
Houve outro Diamante Negro célebre no futebol, Leônidas da Silva, o inventor da bicicleta, e é em sua homenagem que existe aquele chocolate, o... bem... “Diamante Negro”.
Quanto aos diamantes negros propriamente ditos, aquelas pedras caríssimas de mais de um bilhão de anos de idade, existe um de péssima fama, o terrível “Olho do Brahma”. Ele é chamado assim porque estava incrustado na testa de uma estátua do deus Brahma, num templo da Índia, até ser roubado por um monge hindu ou um soldado ou um fazendeiro, existe polêmica sobre quem foi o ladrão. Do que não há dúvida é que, no momento em que o olho se separou do deus, ele foi amaldiçoado.
No século 18, o diamante reapareceu no colo da princesa Orlova, que fazia parte da família imperial russa, os Romanov. A partir daí, o Olho de Brahma passou a ser chamado de “Diamante Orlov”. Então, a maldição começou a fazer efeito. Orlova se suicidou, e ninguém sabia por que. Uns diziam que havia sido desilusão amorosa, outros que fora por melancolia, um mistério.
A partir deste ponto, a trajetória do diamante é confusa. Há quem assegure que se tornou propriedade de outras duas princesas russas, que também se suicidaram. Outros afirmam que foi dado a ninguém menos do que a imperatriz Catarina II por um amante. Considero essa tese improvável, porque era Catarina quem presenteava os amantes, e não o contrário. Ela usava um amante até se cansar dele. Depois, mandava-o embora com uma boa recompensa, além de uma pensão vitalícia paga pelo Estado. Era um bom negócio ser brinquedo sexual da rainha por algum tempo.
Mas ainda que não tenha pertencido à imperatriz, o diamante continuou rodando pela nobreza russa, até que a nobreza russa foi extinta pelos revolucionários de outubro. Há quem atribua o cruel assassinato dos Romanov pelos bolcheviques à maldição do Diamante Orlov. Que acabou aterrissando nos Estados Unidos, nas mãos de um comerciante que... se suicidou. Finalmente, um joalheiro da Pensilvânia decidiu que daria cabo à maldição. Para tanto, convocou um ourives austríaco e mandou que ele aparasse duas bordas do Orlov e as transformasse em joias. Isso foi feito, só que ninguém sabe do paradeiro dessas joias. O naco principal do Orlov foi engastado em um colar que volta e meia é exibido em exposições internacionais de pedras preciosas. O deus Brahma, portanto, talvez tenha sido aplacado pela amputação do diamante.
Mas eu tinha de falar do diamante do Grêmio e tergiversei. Deixe-me continuar o assunto na próxima crônica, que publicarei... Daqui a pouco. Ainda hoje. Aguarde.