Elias é o nome dele. Digo já, para não ser acusado de procrastinador. Elias. Nome de profeta bíblico. Nome de predestinado.
Esse Elias, eu o vi jogar na Copa São Paulo de Futebol Junior. Para mim, não teve ninguém melhor do que ele no campeonato. É um negro retaco, forte como um pitbull, veloz como um guepardo e habilidoso como uma serpente. Um azougue com a bola nos pés. É atacante, mas pode ser promovido a centroavante.
Seria uma façanha sair um centroavante de uma fornada de juniores do Grêmio. Porque faz tempo que isso não acontece. O último centroavante que o Grêmio fez, nem foi o Grêmio quem fez: foi Alcindo, que veio das categorias de base, vejam só, do Inter, há quase 60 anos.
Sim, senhores: há 60 anos o Grêmio não produz um grande centroavante. Houve atacantes de lustro, como Ronaldinho, Douglas Costa e Pedro Rocha, há ainda Éverton e Pepê, mas centroavante, centroavante, o 9 ortodoxo, nenhum. Os que se consagraram foram importatos. André, Baltazar, Lima, Geraldão, Nildo, Jardel.
Curiosamente, esse Elias se assemelha a Alcindo, o Bugre Xucro. E também ao centroavante que o antecedeu, Juarez, o Tanque. Assemelha-se também ao maior centroavante da história do Inter desde Silvio Pirillo: Claudiomiro.
Mas, se tiver de comparar, vou compará-lo mesmo a Juarez. Não vi Juarez jogar, mas ouvi relatos a respeito e o entrevistei. Elias tem algo dele. Cronistas antigos diziam que Juarez entrava na área “levantando polvadeira”. Ele espalhava zagueiro para tudo que é lado e não marcava gol: metia gol. O Elias que vi é assim. É raro como um diamante negro. Tem de ser burilado e poderá se transformar em um tesouro. Já estou vendo as manchetes festejando-o: “Elias, o Tanque”.