Alvíssaras! O Brasil vai melhorar. E os sinais de melhora vêm exatamente de onde se esperava que viessem: do trabalho de Sergio Moro no Ministério da Justiça. O pacote de medidas apresentado por ele na segunda-feira deve representar grande avanço nas questões de segurança pública – se for aprovado sem mutilações pelo Congresso, obviamente.
Todo governo sofre desgaste com o tempo, porque os defeitos começam a aparecer e os interesses começam a ser contrariados.
Com essas mudanças, a Justiça se tornará mais rápida e eficiente e ficará mais penoso cometer crimes no Brasil. Mas faltou um ponto essencial, abordado por Moro apenas en passant, como se diz no jogo de xadrez: a crise do sistema prisional. O preocupante é que essa abordagem não ocorreu durante a apresentação das medidas. Foi depois, na entrevista coletiva. Matheus Schuch, repórter da Gaúcha, fez a primeira pergunta, e fez a que deveria ter sido feita:
– E o problema das prisões?
Moro respondeu que já está em contato com os governadores a fim de combinar repasses de recursos para os Estados, e muito mais não disse. Moro é homem discreto, talvez ele tenha sido breve nesse tema porque há desinteligências políticas envolvidas, sabe-se lá. Quero acreditar nisso, porque, certamente, ele sabe que, sem resolver o drama das cadeias brasileiras, não se resolverá o drama da segurança pública brasileira.
Hoje, no Brasil, a prisão de um bandido representa sua arregimentação para o crime organizado. Os presídios não servem para afastar o criminoso da sociedade; servem para reunir os criminosos em associações que trabalharão contra a sociedade. Moro decerto tem planos para combater essa situação.
Não foi por acaso que ele abriu o seu pacote nesta segunda-feira, mesmo com Bolsonaro recolhido ao hospital e já no primeiro dia de trabalho do Congresso. Fazendo assim, Moro se antecipa a todos os outros ministérios e pressiona a Câmara e o Senado, que terão dificuldades de se opor a um conjunto de projetos proposto pelo ministro mais bem conceituado de um governo recém-eleito.
Hoje, com pouco mais de um mês de atuação, o governo tem garantidos pelo menos 300 votos na Câmara e no mínimo 50 no Senado. Tem a maioria, portanto. Amanhã, nunca se sabe. Amanhã vai ser outro dia, como diria Chico.
Todo governo sofre desgaste com o tempo, porque os defeitos começam a aparecer e os interesses começam a ser contrariados. É como um casamento. No caso do governo Bolsonaro, alguns ministros são bombas-relógio. Problemas com eles explodirão mais cedo ou mais tarde. Moro está se antecipando ao desgaste e às explosões. Sua celeridade, predicado que já demonstrou na Operação Lava-Jato, será fundamental para que seus projetos sejam aprovados. E eles serão. E o Brasil vai melhorar.