O presidente Jair Bolsonaro foi submetido a tratamento com antibióticos de amplo espectro após apresentar elevação da temperatura — 37,3°C — e alteração de alguns exames laboratoriais, com aumento de leucócitos, na noite de domingo (3). Esse aumento pode indicar processo infeccioso, segundo o porta-voz da Presidência, Otavio do Rêgo Barros.
Devido a isso, a previsão de alta foi adiada. Inicialmente havia uma expectativa de que o presidente deixasse o hospital até a quinta-feira (14), mas como os antibióticos devem ser ministrados por sete dias, ele deve permanecer no hospital pelo menos até a próxima semana, segundo o porta-voz.
Exames de imagem mostraram uma "coleção líquida" ao lado do intestino na região da antiga colostomia, segundo boletim médico divulgado nesta segunda. Ele foi submetido à punção guiada por ultrassonografia e permanece com dreno no local.
O presidente está internado em unidade de cuidados semi-intensivos do Hospital Israelita Albert Einstein e, no momento, está sem dor e sem febre. Ele permanece em jejum oral, com sonda nasogástrica e nutrição parenteral (endovenosa) exclusiva.
Uma evolução nos movimentos intestinais foi citada no boletim médico, que informou dois episódios de evacuação do presidente.
Bolsonaro segue realizando exercícios respiratórios e de fortalecimento muscular no quarto. Por ordem médica, as visitas permanecem restritas, ele está acompanhando da esposa Michelle e do filho Carlos Bolsonaro.
O presidente continua em descanso e tem evitado despachos, de acordo com Barros. Nos próximos dias, não estão agendados compromissos oficiais. Por enquanto, não há estudos sobre afastamento de Bolsonaro da Presidência, deixando o vice na função.
Luiz Antonio Nasi, superintendente médico do Hospital Moinhos de Vento e professor do departamento de emergência da UFRGS, afirma que a temperatura corporal de 37,3°C não configura um quadro de febre, mas sim de febrícula — um estágio anterior de variação térmica.
— Não é febre. Consideramos febre acima de 37,8°C. Entre 37 e 37,8 é febrícula. Pode ser uma infecção que se inicia ou apenas uma resposta inflamatória do organismo para sintetizar novos tecidos. Ele pode ter uma febrícula em função do pós-operatório.
Nasi destaca que a febrícula isolada tem um significado menor. Caso for associada com outros pontos do processo infeccioso, tem de ser melhor analisada.