No ano passado, quando escrevi que o time do Grêmio estava jogando como nenhum outro na história do Rio Grande do Sul, que aquele futebol era mais plástico inclusive do que o melhor de todos os times gaúchos, o Inter dos anos 1970, e que aquela equipe ganharia um grande título e se consagraria, quando escrevi tudo isso, fui execrado, vilipendiado e apedrejado como se fosse um Gilmar Mendes.
Antes, quando Renato foi contratado em substituição a Roger, muitos exclamaram: "Oh, não!". Eu, ao contrário, exclamei: "Ah, sim!". E o fiz por saber das qualidades de Renato: a inteligência e a experiência em primeiro lugar e, em segundo, duas características sempre reconhecidas e prezadas pelos jogadores, seu passado nos gramados do mundo e sua lealdade feroz aos seus.
Bem.
Agora, depois do Gre-Nal em que o Grêmio goleou por 3 a 0 na Arena, no domingo passado, falei e escrevi que a diferença de qualidade entre os times da Dupla é menor do que parece. Que o Grêmio está mal escalado. Que não vem jogando bem neste ano. E que tem muitas e graves deficiências.
Disse isso no Sala de Redação de quarta-feira, horas antes do jogo. Depois do programa, cobriram-me de impropérios. A Kelly me contou que fui alçado aos trending topics do Twitter, o que nem sempre é boa coisa. Eu pedia aos torcedores furibundos como um Barroso: "Me deixe fora deste seu mau sentimento". Mas eles insistiam: "Você é uma pessoa horrível! Uma mistura do mal com o atraso! E pitadas de psicopatia!".
Hoje, passado e repassado o Gre-Nal, tenho direito de sapatear em cima dos críticos e na cara da sociedade. Porque, ficou provado, o degas aqui estava certo. O clássico mostrou e demonstrou.
É verdade que o Grêmio tem alguns jogadores superiores: o Trio de Ferro, Grohe, Kannemann e Geromel; Arthur, Ramiro e Luan no meio; Éverton na frente. Sete jogadores dessa categoria, se jogam sempre juntos, elevam um time ao Everest de todos os futebóis, Amém. Mas não será sempre o suficiente. Porque é impossível que os sete joguem todas as partidas. E porque é preciso mais.
O Grêmio só tem dois zagueiros e ainda não resolveu suas carências nas laterais e na cabeça de área. Na frente, André chegou, e é só o que se tem para a centroavância, se é que André dará certo. É pouco, se o Grêmio quiser continuar a ganhar títulos importantes. E o Gauchão serve exatamente para isso: para mostrar o que está errado, não o que está certo.
O que está errado foi exposto. E o que está certo também: eu estava certo!