Já estou sentindo medo de que os brasileiros cometam o terrível erro de eleger Bolsonaro presidente da República. Seria uma desgraça, talvez a maior dentre tantas que afligem e afligiram o país.
Sei como os eleitores de Bolsonaro estão reagindo neste momento, um segundo após lerem as duas frases acima. Estão argumentando:
– E Lula e Dilma foram bons? E Temer tem sido?
Também não gostei dos governos de Lula e Dilma, e tampouco gosto do de Temer, mas Bolsonaro seria muito pior.
Seria o pesadelo.
Sei bem que minha opinião não mudará a de ninguém. Essa história de formador de opinião é balela – só formo as opiniões que concordam previamente com as minhas. Ou seja: as opiniões já estão formadas. Você escreve e o leitor elogia:
"É bem assim que eu penso".
Na verdade, ele está se autoelogiando. Jamais acontece de alguém dizer:
"Eu pensava o contrário, mas você me convenceu".
Ninguém convence ninguém de nada.
Se os formadores de opinião realmente formassem opinião e se a mídia tivesse realmente o poder que as pessoas acham que tem, Trump não seria presidente.
E Bolsonaro não teria esse cardume de admiradores.
Mas, mesmo assim, mesmo sabendo que não mudarei a opinião de ninguém ao expor a minha, preciso fazê-lo.
Por dois motivos.
Um: devido à curiosa legislação brasileira, que proíbe certas manifestações políticas exatamente em ano eleitoral, quando as manifestações seriam mais relevantes.
Dois: por uma obrigação de consciência. Se vejo que as pessoas estão prestes a fazer algo horrível, tenho de pelo menos emitir um grito de alerta.
E, sim, a eleição de Bolsonaro seria algo horrível.
Não é porque ele é de direita. É o tipo de direita que ele é. Uma direita truculenta e, pior, sem nenhum conteúdo.
A esquerda contra a qual essa direita está reagindo, representada pelo PT, fez coisas que na aparência eram boas, mas deram resultado ruim. Essa direita pretende coisas que na aparência são ruins, mas darão resultado péssimo.
Há quem alegue que Bolsonaro é honesto. Não é verdade. O roubo não é a única desonestidade de que é capaz um homem. Bolsonaro não rouba, mas defende a ditadura, o fechamento do Congresso, a tortura e até o assassinato. Não sou eu quem diz; é ele. Vá ao YouTube e escandalize-se por si mesmo.
Assisti, incrédulo, ao crescimento de Trump nos Estados Unidos. Parecia impossível que o país de Lincoln, Benjamin Franklin e Jefferson, terra dos livres e lar dos bravos, elegeria um homem de tal maneira grosseiro. Elegeu, e é bem provável que o mundo inteiro sofra por causa disso.
O Brasil já tem sua quota de sofrimento. Não precisa de mais.
Sei que será inútil, sei que ninguém dará importância ao que digo, mas tenho de dizer: votar em Bolsonaro não é um repúdio ao PT; é um repúdio ao Brasil. Não vote em Bolsonaro, portanto. Não vote em Bolsonaro. Não vote em Bolsonaro.